Família sofre com a perda do piloto

Escrito por Redação ,
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Os pais de Anderson lembram com saudade as façanhas do filho, morto durante apresentação aérea

"Ele tinha solução para os problemas de todos. Era muito sereno e me chamava carinhosamente de ´minha filha´". As palavras da mãe do piloto da Esquadrilha da Fumaça, Anderson Amaro Fernandes, Maria Júlia Fernandes, revelam apenas um pouco da saudade e da dor com a morte do filho, em acidente aéreo, nessa sexta-feira, em Lages, Santa Catarina.

O corpo do piloto foi velado na Base Aérea de Fortaleza (BAF) durante o sábado e o enterro aconteceu no cemitério Parque da Paz no fim da tarde. De acordo com o cunhado do piloto, Tibério Santos, Anderson sempre passava as férias de janeiro em Fortaleza e depois seguia para a fase de pré-temporada das apresentações da Esquadrilha da Fumaça, onde era o piloto de ataque da Ala Direita, da aeronave e número 7. Filho de pai militar, Anderson era um apaixonado pela carreira de piloto aéreo.

Formado pela Escola Preparatória de Cadetes da Aeronáutica em 1995, Anderson Amaro Fernandes, 34 anos, passou, em 2000, a ser piloto do Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA) da Força Aérea Brasileira, mais conhecido como Esquadrilha da Fumaça. Desde 2001 morava com a mulher e uma filha de três anos, na cidade de Pirassununga, interior de São Paulo.

Ano passado, o piloto cearense participou de um curso na Inglaterra com o grupo de operações Blue Angels. O Esquadrão de Demonstração Aérea da Marinha dos Estados Unidos, popularmente conhecido como Blue Angels, foi formado em 1946 e é o primeiro time do mundo de acrobacia aérea e demonstração militar aérea sancionado.

Anderson Amaro Fernandes tinha 3.650 horas de voo e 180 apresentações pela Esquadrilha da Fumaça. Apesar do sofrimento de familiares e amigos, todos guardam com orgulho uma lembrança da carreira do piloto.

Fotos nas aeronaves, revistas da Esquadrilha da Fumaça e medalhas faziam parte das recentes memórias das pessoas mais queridas do piloto, enquanto aguardavam a chegada do corpo, vindo de Santa Catarina.

O acidente

O avião pilotado pelo cearense caiu na sexta-feira, quando se apresentava, por volta das 17horas, com outras seis aeronaves. A sua aeronave, a de número sete, se chocou com a lateral da pista durante uma manobra rasante, cerca de 20 minutos depois do início do show aéreo, segundo contou o instrutor de voo Klaus Ramos Klinger, que assistia à apresentação.

Os cerca de cinco mil espectadores do espetáculo aéreo entraram em pânico no momento do acidente.

ANÁLISE
"Ele tinha alegria pela vida e pelo que fazia"

Tom BARROS
Jornalista

Conheci o Anderson por conta do mesmo ideal da aviação. Tive o privilégio de desfrutar da sua amizade e posso dizer que ele estava no auge da sua vida profissional e conjugal. Ele é o único cearense a ocupar um posto na elite da aviação brasileira, a Esquadrilha da Fumaça. Quando esteve aqui, de férias em janeiro, voamos juntos e tivemos momentos muito felizes. Nunca o vi se queixando de nada. Fiz uma homenagem, na minha coluna, onde apareceu com a camisa do Ceará Sporting Clube. Depois me ligou muito feliz. É uma perda muito dolorosa. Quero lembrá-lo como uma pessoa extremamente feliz com o que fazia e com a vida. Fico feliz por ter participado de sua vida.

AÉCIO SANTIAGO
ESPECIAL PARA CIDADE
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