Estudantes da Uece cobram chips de dados móveis e relatam dificuldades para acessar aula online
Universidade, no entanto, ainda não tem prazo para distribuição das ferramentas
Desde o começo do semestre 2020.1 da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no último dia 19, o estudante de letras, Lucas Viana de Morais, de 26 anos, só conseguiu assistir a uma aula devido à falta de rede Wi-Fi em casa. Assim como ele, outros estudantes que solicitaram o chip de dados móveis, oferecido pelo Governo do Estado, em meio à pandemia do novo coronavírus, ainda estão aguardando o item para dar continuidade ao curso.
Segundo o estudante, os pedidos para o chip foram abertos há cerca de um mês e, até então, nenhum foi entregue. “Não possuo rede Wi-Fi em casa e dependo dessa ação da instituição para continuar minha graduação neste semestre. Já estou pensando, inclusive, em trancar, pois já perdi bastante conteúdo”, relata. “Abriram para as solicitações, mas até agora [a Uece] não deu nenhum posicionamento de quando essa entrega vai acontecer. Até lá, quem não tem condições, vai perdendo aula”.
Morador do Carlito Pamplona, em Fortaleza, a única aula que Lucas conseguiu acompanhar foi porque estava na casa da namorada, em outro bairro. “Foi o único jeito que encontrei. Agora, já em casa, não tenho como assistir só com meu 4G. E nem sempre é cômodo ir na casa dos familiares, é uma situação chata, já que a aula é todo dia e eu preciso de concentração, nem sempre tenho na casa dos outros”, comenta.
“É o meu futuro, minha profissão, então eu queria poder estudar. Felizmente, muitos outros colegas do Centro têm condições de ter internet em casa, mas eu, por enquanto, ainda não tenho e já perdi umas 14 aulas. A minha opção é esperar pelo chip mesmo”, diz Lucas.
Na mesma situação de espera está o estudante de enfermagem Nelson Marques, de 21 anos. “A própria iniciativa de disponibilização do chip partiu de uma luta nossa. Agora, mesmo com o fim do prazo de solicitações, não há nenhuma resposta sobre quando o chip vai chegar”, diz.
O estudante precisou partir de Fortaleza, onde cursa a graduação, para Camocim, no interior do Estado, quando iniciou o primeiro isolamento social. Já na casa da família, Nelson comenta que teve de reunir os parentes para conseguir pagar uma rede de internet em casa e dar continuidade à graduação. “Muitos alunos do interior estão com muita dificuldade de acessar a internet. A gente precisa se virar, sem poder. Eu mesmo estou em uma situação bem apertada”, expõe.
Chips
Conforme nota enviada pela Uece, a ação de aquisição e distribuição de chips com dados móveis é destinada a estudantes das três universidades estaduais (UVA, UECE e URCA), coordenada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (SECITECE) em parceria com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (ETICE), “em caráter excepcional, em decorrência da pandemia do novo coronavírus (COVID-19)”.
No entanto, segundo a instituição, ainda não há datas de entrega da ferramenta. “As tratativas com o Governo do Estado sobre a aquisição dos chips ainda estão em curso e em breve será divulgado os procedimentos para a distribuição dos chips aos nossos estudantes”, diz a nota.
A universidade reforçou ainda que a ação é para assegurar o acesso à internet para os estudantes em vulnerabilidade social.