Entenda por que o novo coronavírus causa perda de olfato e paladar
Felizmente, o quadro é reversível na maioria dos casos, diz neurologista
Entre os sintomas da Covid-19, a perda de olfato e de paladar pode estar entre eles. Como explica o Dr. Paulo Ribeiro, neurologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, isso acontece porque o vírus SARS-Cov-2 invade os nervos olfatórios que levam a sensação de cheiro para o cérebro. Isso afeta o olfato e nuances do paladar que vão além dos sabores básicos (salgado, doce, amargo e azedo).
De acordo com o médico, na maioria dos casos, a alteração do olfato e paladar é parcial. Em uma perda apenas de olfato, os sabores básicos ainda são percebidos. Todavia, como explica o neurologista, boa parte do paladar mais refinado – identificação de temperos, café, detalhes do sabor, são dependentes do olfato. "Então uma perda do olfato vai levar a uma diminuição do paladar para essas nuances de sabor, preservando os sabores básicos (salgado, doce, amargo e azedo)", explica.
De acordo com o médico, uma porcentagem um pouco menor de pacientes também tem alteração na percepção dos sabores básicos. “O que sugere que além dos nervos olfatórios, o vírus também pode afetar as papilas gustativas”, afirma Dr. Paulo Ribeiro.
E como diferenciar a perda de olfato da Covid-19 de outras gripes? Pode ser difícil de identificar, mas o neurologista dá uma pista. “Estudos comparativos mostram que esses sintomas parecem ser mais intensos na Covid-19. Se a perda de olfato for bem mais intensa que o grau de obstrução (‘entupimento’) nasal, a suspeita de Covid pode ficar mais forte”.
Quadro é reversível
Embora não seja um sintoma que leve ao risco de morte ou de internação, a perda do olfato compromete de forma significativa a qualidade de vida dos pacientes. O cheiro afeta de modo significativo o paladar, o qual está associado ao prazer dos sabores. "Felizmente, na grande maioria dos casos é reversível, dentro de até dois meses. Existem pacientes com perda de olfato persistente, mas ainda é cedo para dizer se em alguns deles ela será definitiva", afirma Dr. Paulo Ribeiro.
Em relação às terapias que ajudem a reverter o quadro, o médico informa que não existe nenhuma na fase aguda que possa evitar ou minimizar a perda de paladar ou olfato que tenha sido comprovada até o momento. “Para a recuperação, a terapêutica mais promissora parece ser o ‘treinamento’ do olfato, com exposição a cheiros, como se fosse uma fisioterapia do olfato, com alguns estudos mostrando eficácia. Porém, mais estudos são necessários para comprovar definitivamente esses resultados”, finaliza.