Durante pandemia, Fortaleza tem 57,7% menos acidentes de trânsito com vítimas
A redução foi observada comparando os registros de 2019 e 2020, nos períodos entre 20 de março a 31 de maio
Durante o período de isolamento social em Fortaleza, as ruas e avenidas esvaziadas contribuem para mais que a contenção do coronavírus. Entre os dias 20 de março e 31 de maio, foram registrados 679 acidentes de trânsito com vítimas na Capital, 57,7% a menos que o observado em igual período do ano passado. Na ocasião, foram contabilizadas 1.605 ocorrências desse tipo.
Os dados foram divulgados pelo Sistema de Informações em Acidentes de Trânsito (SIAT) e pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC), e indicam ainda a redução de 18,9% no número de mortes nesse intervalo de 2020, se comparado ao de 2019.
“Desde o início desse momento de isolamento social, nós tivemos uma redução geral no nível de circulação das vias na cidade. Isso teve um resultado muito interessante, que foi uma diminuição na quantidade de infrações que aconteceram na cidade”, avalia André Luis Barcelos, assessor técnico da AMC. Em relação ao total de acidentes em Fortaleza, de 20 de março a 31 de maio de 2019, foram registrados 3.643; já neste ano, diminuíram para 1.057 – 71% a menos.
Barcelos enfatiza que embora o fluxo de veículos tenha diminuído, outro fator de risco se tornou mais evidente: a velocidade. “Qualquer velocidade a mais pode provocar um acidente que requer um leito que vai fazer falta para pessoas em tratamento da Covid-19, além de ser uma grande tragédia para cada pessoa envolvida”, afirma.
Os dados que separam a quantidade de acolhimentos em acidentes por categoria – carro, motocicleta, bicicleta e pedestre – também indicam redução. Respectivamente, foram 35%, 34%, 47% e 65% a menos, ao comparar os períodos de 19 de março até o fim de maio, em 2019 e 2020.
Mesmo no cenário atual, a preocupação se mantém, sobretudo, em relação aos motociclistas, que continuam sendo as vítimas mais frequentes em acidentes de trânsito. O assessor técnico da AMC considera que o risco para os motociclistas que realizam entregas de domicílio é ainda maior, uma vez que protagonizam a logística urbana da cidade durante o isolamento social.
“Houve um aumento na quantidade de viagens. Eles têm uma exposição ainda maior. Então temos um cuidado em relação a esse tipo de usuário os poucos estamos voltando às fiscalizações normais. É um usuário que tem consciência da sua vulnerabilidade, e precisa ter mais atenção. A cidade precisa deles”, destaca André Luis Barcelos.
De acordo com Diogo Varela, neurocirurgião do Instituto Doutor José Frota (IJF), apesar da redução importante observada no número de traumas de circulação (acidentes associados à movimentação de pessoas), é necessário cuidado entre esse perfil de condutores.
“É calculado que, em média, o motociclista tem 50 vezes mais chances de se acidentar do que quem está dentro de um carro, e o carro protege o condutor e o passageiro em caso de acidente. Então você associa a exposição da moto, ao excesso de velocidade, aos descuidos associados ao uso do capacete e utilização de substâncias como o álcool. Esse somatório de fatores gera uma desgraça social”, pontua.