Desde início da pandemia de Covid-19, 23 taxistas morreram por conta da doença na Capital

O número foi informado pelo diretor do Sinditáxi, que representa a categoria, Messias Freitas

Escrito por Redação ,
23 taxistas já morreram de Covid em Fortaleza
Legenda: 23 taxistas já morreram de Covid em Fortaleza
Foto: Camila Lima

Segundo o Sindicato dos Taxistas (Sinditáxi), 23 taxistas faleceram por conta da Covid-19 em Fortaleza desde as primeiras confirmações da doença no Ceará. A informação foi contabilizada pelo próprio Sinditáxi e delimita que, atualmente, cerca de seis mil profissionais da categoria estão em atuação na Capital. A instituição não informou quantos profissionais pegaram a doença. 

De acordo com Messias Freitas, diretor do Sinditáxi, o sindicato tem utilizado das conexões com os taxistas e familiares para saber das notificações da doença entre os associados. “Temos indicado que usem sempre máscara, que façam a assepsia dos carros constantemente. Distribuímos 3.500 máscaras para os taxistas para assegurar em parte essa proteção”, comenta. 

Ainda assim, Rosa César, de 49 anos, perdeu o esposo que trabalhava como motorista, Augusto César, 48, para o novo coronavírus. De acordo com ela, foi duro convencê-lo a parar de trabalhar diariamente, justamente por conta da necessidade de renda. “O medo era da gente aqui dentro de casa era grande, mas não conseguimos segurá-lo”, relata. Em alguns dias, ele chegou a deixar de fazer corridas, mas sempre acabava retornado a aceitar clientes. 

Trabalhando em ponto de táxi nas redondezas do Mercado São Sebastião, Rosa conta que o marido recebeu diversas recomendações para os cuidado e que os mantinha dentro do veículo. No entanto, a doença chegou. Surgiram de forma leve logo após o início de maio e a alta da febre o fez ser internado no dia 19 daquele mês. A confirmação do falecimento veio dia 30, após forte quadro de pneumonia. 

“A gente sofreu bastante. Muito com a comunicação, afligia muito tudo esse fato de não saber de nada. Cheguei a chorar com o medo da ida dele para a UTI. Essa palavra grave nos machucava muito. Recebíamos esperança e nos retiravam a esperança ao mesmo tempo”, relata.

O maior choque, explica, foi não ter o marido no convívio de todos os dias. “Todos aqui sentiram algo dessa doença, que é tão traiçoeira. Mas a dor maior foi de perder meu marido. Choramos muito e ainda sentimos, mas agora estamos nos reerguendo”, finaliza.

Outros problemas

Para o taxista fortalezense Kevin Rocha, 29, os impactos da doença são diários. “Antes da Covid-19, eu fazia em torno de seis a oito corridas, no máximo dez, durante o dia.  Antes o retorno da semana seria de 80 reais por dia exemplo, hoje isso tá em R$ 15 e R$ 18”, comenta. Segundo ele, na maioria das vezes os carros de aplicativo ganham a preferência da população, o que é ainda mais complicado nesse momento.

Assim como muitos, ele também sentiu a doença de perto e ainda chegou a saber dos relatos de outros colegas próximos. “Tive sintomas leves por alguns dias, mas nada tão grave. Vi colegas relatarem isso, por exemplo, de ter sentido algo parecido”, diz. Hoje, ele afirma que os cuidados ainda estão sendo mantidos, tanto no carro como em casa, apesar do pouco movimento.

"Todo o cuidado é pouco e em questão de trabalho estamos tendo, claramente, mas é o pinga pinga, um dia sim e quatro dias depois aparece outra uma nova corrida", se lamenta ao também afirmar que espera por uma resolução rápida deste problema. 

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