Covid na gravidez: 19 puérperas e 14 gestantes morreram no Ceará desde o início da pandemia

Dos 33 óbitos contabilizados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), 13 ocorreram em Fortaleza

Escrito por Lígia Costa , ligia.costa@svm.com.br
Legenda: A equipe e a doutoranda realizam a coleta de amostras na fase pré-natal da gestante, a partir de uma amostra sanguínea da mãe. Já no parto, são colhidos placenta, cordão umbilical e sangue do cordão.
Foto: Shutterstock

33 mulheres diagnosticadas com Covid-19, sendo 19 puérperas (pós-parto) e 14 gestantes, morreram no Ceará desde o início da pandemia, conforme dados atualizados pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) na plataforma IntegraSus, às 16h48 desta quinta-feira (18). Isso significa que 42% das gestantes e 58% das mulheres que testaram positivo para a Covid no pós-parto faleceram em decorrência da doença. 

Dos mais de 30 óbitos contabilizados no território cearense, 13 ocorreram em Fortaleza, com a morte de quatro gestantes e nove mães que acabaram de dar à luz. Portanto, das gestantes diagnosticadas com Covid-19 em Fortaleza, 31% morreram. Já dentre todas as puérperas afetadas pela doença, 69% não resistiram. A Capital concentrou, assim, 39,3% do total de mortes confirmadas no Estado.  

Parto normal é mais seguro contra a Covid-19

O infectologista pediátrico e professor adjunto de Pediatria da Universidade Federal do Ceará (UFC), Robério Leite, estima que as puérperas podem ser mais gravemente afetadas pela Covid-19, ante as gestantes, devido ao perceptível “excesso” de partos cesáreos em todo o Brasil. A Sesa, no entanto, não especifica se as mortes dessas mulheres ocorreram após partos cesáreos ou normais. 

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“A cesárea é um procedimento cirúrgico e, na vigência de um quadro infeccioso como a Covid, é uma situação de risco também”, alerta o especialista. Inclusive, argumenta ele, a recomendação é que, sempre que possível, cirurgias não urgentes sejam realizadas somente sete semanas após o diagnóstico de Covid.  

Embora exija esforço físico por parte da paciente, o parto normal gera menos riscos para a gestante infectada pelo vírus. “A Covid em si não é uma indicação para cesárea porque tem o benefício para o bebê [no parto normal], que tem uma flora que o protege de infecções e há menos complicações”. 

Como a gestação, por si só, é uma complicação para a doença, a gestante fica naturalmente “mais suscetível” ao vírus. Por isso, endossa o professor, é importante que a gestante e os que a rodeiam tenham “extremo cuidado” para evitar infecções. Seja por Covid ou outras, como a causada pelo vírus da Influenza.  

Imunização recomendada 

Nota Técnica do Ministério da Saúde, publicada segunda-feira (15) e incorporada nesta quinta (18) ao Plano Estadual de Vacinação do Ceará, recomenda a imunização de gestantes brasileiras contra o novo coronavírus. A escolha é de cada gestante, tenha comorbidade ou não, mas gestores e profissionais de saúde devem orientá-la sobre a possibilidade de administração da vacina.  

De acordo com Robério Leite, as vacinas desenvolvidas contra a Covid-19 não demonstraram desfecho ruim, com alto risco para gestantes e lactantes. “Em um cenário como esse, de maior risco para adoecer e ter um desfecho desfavorável para ela [gestante ou lactante] e para o feto por conta da Covid, eu tenho recomendado a vacina. A própria bula deixa essa decisão com o médico e a paciente”.  

Ocupação de leitos gestante

Conforme atualização da plataforma IntegraSUS, no fim da tarde hoje, a taxa de ocupação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Covid para gestante no Ceará é de 12,5%. Já a ocupação em enfermaria gestante é maior, com taxa de 56,38%.

Em Fortaleza, a situação é crítica, pois a taxa de ocupação em UTI gestante é de 100% e de enfermaria, de 64,52%.

 

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