Ceará tem cerca de 6 mil mortes relacionadas a colesterol alto por ano; veja como prevenir

Substância é essencial para o funcionamento do corpo, mas níveis devem ser controlados para evitar doenças cardiovasculares. Monitoramento deve ser associado à alimentação saudável e a atividades físicas

Escrito por Nícolas Paulino , nicolas.paulino@svm.com.br
Legenda: Descontrole pode ser silencioso e só percebido em fase aguda de doenças.
Foto: José Leomar

Cerca de 6 mil pessoas morrem no Ceará, todos os anos, vítimas de condições de saúde relacionadas aos níveis altos de colesterol no organismo. Por isso, neste domingo, se lembra o Dia Nacional de Controle do Colesterol, data criada para a conscientização e prevenção de doenças cardiovasculares.

Entre as principais doenças, estão a aterosclerose, que pode obstruir artérias do coração, levando à angina ou ao infarto, ou as artérias do cérebro, causando o acidente vascular cerebral (AVC).

Segundo o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, cerca de 6,3 mil pessoas morreram por ano, no Ceará, entre 2016 e 2020, tendo como causas infarto, AVC e doença aterosclerótica do coração. Os dados de 2020 e 2021 ainda são preliminares e estão sujeitos a alteração.

O colesterol faz parte de toda célula e forma grande parte dos hormônios. Sem colesterol, não se vive. O HDL é considerado bom, enquanto o LDL é ruim. O problema são os níveis. Quanto maior o HDL, menos risco cardiovascular, e quanto maior o LDL, maior o risco”.
Ricardo Pereira Silva
Cardiologista

O professor de Cardiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e cardiologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) explica ainda que o LDL ideal depende do risco cardiovascular:

  • Se o risco é baixo, se admite o nível de até 130 mg/dL
  • Se for moderado, deve ficar abaixo de 100 mg/dL
  • Para pessoas com risco alto, o ideal é abaixo de 70 mg/dL
  • Se o paciente já teve infarto ou AVC, por exemplo, precisa manter o LDL abaixo de 50 mg/dL

O médico alerta que o popularmente “entupimento” das artérias pode acometer qualquer parte do corpo, devido ao acúmulo de placas de gordura. O problema pode levar ao aumento da pressão, insuficiência renal e dores nas pernas. “Onde tem artéria, pode ser lesada”, afirma.

Todas as idades vulneráveis

O nível elevado de colesterol pode ter diversos fatores de risco, como alimentação inadequada, obesidade, sedentarismo, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e predisposição genética, de acordo com o Ministério da Saúde. 

Gentil Barreira de Aguiar Filho, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia Secção Ceará (SBC-CE), explica que homens e mulheres possuem tendências semelhantes, embora possam desenvolver o problema com o envelhecimento a partir do estilo de vida.

Contudo, até mesmo crianças podem ser afetadas pelo colesterol alto, geralmente pelo componente genético.

“Em geral, a primeira medição pode ser feita a partir de 18 anos, mas se os pais têm ou já tiveram, pode fazer em criança. Os cuidados começam desde cedo. Quanto mais saudável a dieta, mais exercício físico, menos risco vai ter no futuro”, recomenda o médico Ricardo Pereira.

Legenda: Quanto mais cedo hábitos saudáveis forem reforçados, menos chances há de se desenvolver as doenças.
Foto: Fabiane de Paula

Gentil Barreira complementa que o monitoramento dos níveis do colesterol depende do quadro do paciente e da meta terapêutica. Quem está em tratamento de rotina precisa realizar testes a cada três ou quatro meses. Já os que controlaram podem repetir de forma mais espaçada.

"Para reverter o quadro, é possível retornar às atividades fisicas com o arrefecimento da pandemia, desde que haja uma avaliação prévia. Mas mudança geral: com mais ingestão de frutas e verduras, baixa ingestão de carne vermelha, evitar o tabagismo e muita moderação no consumo de álcool", elenca.

Ricardo Pereira também defende que toda a população adquira hábitos saudáveis, já que 80% do colesterol do sangue é produzido pelo próprio corpo, e não adquirido pela alimentação. “Por isso, uma parte expressiva dos pacientes, além das medidas não farmacológicas, vai precisar de medicamentos para controlar”, diz.

Teste de risco

A SBC disponibiliza um teste on-line para avaliar os riscos de desenvolver doenças coronarianas a curto e longo prazo com base em seu histórico de saúde e em hábitos comportamentais. Você pode avaliar sua situação neste link.
 

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