Aposentada de Fortaleza aprende a costurar e cria roupas para crianças carentes na África

Maria Valdira de Sousa, de 74 anos, utilizou até vídeos da internet para aprender o ofício; com ajuda da irmã, ela já confeccionou mais de 200 peças

Escrito por Redação ,
Legenda: Dona Valdira ao lado da missionária Benivalda Carvalho, responsável por entregar os materiais.
Foto: Foto: Reprodução

Imagens de crianças do continente africano sempre comoveram a aposentada Maria Valdira de Sousa, de 74 anos, que resolveu doar roupas produzidas com as próprias mãos a meninas e meninos de Angola - para alguns, a primeira peça de vestuário. O gesto se torna ainda mais representativo porque Valdira não sabia costurar: aprendeu o ofício em nome da solidariedade.

A aposentada já realizava trabalhos artesanais com retalhos, mas, durante todo o mês de setembro, se dedicou a técnicas para confeccionar o material. “Eu não sabia nem fazer. Agora, na internet, você procura e acha tudo, não é mesmo?”, explica entre risos. “Outra coisa: eu não tinha muitos recursos. Foram as amigas da Geysa (filha dela) que fizeram uma doação, e consegui comprar os materiais que estavam faltando. Eu me senti feliz em fazer e depois ver a felicidade no rosto de outras pessoas”, conta. 

Ao todo, já foram enviados 70 vestidos para crianças de um a 10 anos de idade, 55 shorts, 16 saias infantis e 16 turbantes, além de saias para as mães e peças íntimas para meninas menores. Um guarda-roupa com 211 peças feitas por ela e uma irmã. “Eu fico até emocionada porque muitas daquelas crianças nunca receberam uma roupa nova, então, elas ficam surpresas. A gente não tem nem dimensão do quanto isso é importante para elas”, lembra dona Valdira.

Missão

A ideia das doações, no entanto, surgiu bem antes deste Natal, quando a aposentada soube que a Comunidade Shalom iria enviar missionários ao país africano. A iniciativa recebeu apoio de Benivalda Carvalho, missionária há 21 anos pela Comunidade Shalom que já morou nas missões de Macapá (AP), Senhor do Bonfim (BA), Baixo Guandu (ES), Quixadá (CE), e em Portugal, na cidade de Braga. 

Agora, Benivalda está em Lubango, na Angola. “Acho que é impossível alguém chegar a Angola e não se sentir impactado com a realidade. Assusta ver e tocar em realidades que até então só havia visto nos noticiários da TV”, descreve a missionária. Foi por meio dela que a família de dona Valdira conseguiu enviar os donativos. 

Trabalho contagiante

“Para elas, é desconcertante receber algo além do alimento, como uma roupa nova. Muitas delas nunca tiveram uma roupa nova, então nem sabem agradecer algo que nunca viveram”, relata. Ela mantém contato com a família de Valdira e repassa, por fotos, a alegria gerada pela ação missionária.

A boa ação da aposentada contagiou a vizinhança de onde mora, que passou a colaborar com pedaços de tecido, rolos de linha e até ajuda financeira para a confecção das roupas. “Todo mundo ficou muito comovido, querendo ajudar. Minha tia fez os shorts, outros davam a linha, houve uma mobilização geral", relata a filha de dona Valdira, Geysa Sousa Américo.


 

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