Além de Fortaleza, veja quais são as cidades com mais acidentes de ônibus em BRs que cortam o Ceará

Capital e outros três municípios concentram 61% das ocorrências desse tipo registradas no Ceará nos últimos cinco anos

Escrito por Nícolas Paulino e Theyse Viana , metro@svm.com.br
Ônibus tomba após acidente no Ceará
Legenda: Em Tianguá, ônibus vindo do Maranhão ao Ceará se envolve em acidente
Foto: Divulgação/PRF

Acidentes envolvendo ônibus estão entre os mais preocupantes nas rodovias do Ceará: em 2021, até este mês, foram 48 ocorrências do tipo registradas em estradas estaduais e federais, 44 deles só nas BRs – cujos trechos mais perigosos estão em Fortaleza, Caucaia, Maracanaú e Tianguá.

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Entre 2017 e 2021, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizou 402 acidentes com ônibus nas BRs que cortam o Estado, sendo as BRs 222 e a 116 as que concentram os maiores números de sinistros.

Conforme os dados da PRF enviados ao Diário do Nordeste, 41 cidades cearenses registraram acidentes com veículos de transporte coletivo. No período, pelo menos 247 vítimas ficaram feridas e 8 morreram nas ocorrências.

Causas de acidentes

Márcio Moura, inspetor do Núcleo de Comunicação Social da PRF/CE, destaca que os acidentes com ônibus são mais frequentes nos trechos urbanos das rodovias federais, como Fortaleza, Caucaia e Maracanaú, devido ao maior fluxo de veículos. 

Tianguá é um caso à parte. “É uma região de serra, tem curvas muito complicadas. Exige que o veículo esteja com a manutenção em dia e que o condutor esteja atento”, pontua o agente.

A rodovia federal é feita como uma via rural. Mas com o crescimento das cidades, as vias urbanas vão pegando as rodovias, aumentando o fluxo e os acidentes.
Márcio Moura
Inspetor PRF/CE

As três principais causas de acidentes com ônibus, segundo o inspetor, são as mesmas observadas entre veículos comuns: ultrapassagens indevidas, excesso de velocidade e falta de manutenção, “todas englobando a responsabilidade das pessoas”.

O agente da PRF cita que uma das medidas de prevenção mais importantes é a fiscalização dos tacógrafos, dispositivos que registram o tempo de viagem contínua, a distância percorrida e a velocidade que o veículo desenvolveu.

“As empresas devem observar a jornada de trabalho dos motoristas, se eles estão descansados, se os ônibus estão manutenidos. Tem também outro braço, que é o DNIT, que deve manter as vias em boas condições. Tudo isso é importante”, salienta.

Márcio também alerta para a necessidade de os passageiros observarem, antes do embarque, a procedência das prestadoras de serviço e as condições estruturais dos ônibus, como forma de evitar colocar a vida em risco.

Rodovias estaduais

Ao contrário das BRs, as rodovias estaduais (CEs) registram bem menos acidentes envolvendo ônibus. Nos últimos cinco anos, foram apenas 65, de acordo com dados do Batalhão de Polícia Rodoviária Estadual (BPRE) compilados pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).

A reportagem solicitou uma lista das vias com mais registros, municípios onde os sinistros ocorreram, a quantidade de vítimas e possíveis causas dos acidentes, mas a Pasta enviou apenas o quantitativo geral de ocorrências.

Na série histórica, o ano com mais acidentes foi 2018, com 21. Em seguida, aparecem 2015 e 2019, com 20 cada. Já em 2020, por causa da pandemia e da interrupção de viagens, houve queda brusca para nove registros – entre março e agosto, não houve nenhum.

De janeiro a setembro de 2021, foram apenas quatro acidentes com ônibus. No mesmo período de 2019, ano anterior à paralisação, haviam sido 14.

"Principal prevenção é a consciência do condutor"

As causas de acidentes com ônibus e quaisquer veículos podem ser múltiplas, mas um fator é consenso entre estudiosos e agentes de fiscalização: o comportamento de condutores é o mais determinante para evitar ou gerar acidentes.

Renato Campestrini, especialista em trânsito, mobilidade e segurança, aponta que hoje, no Brasil, "a maioria dos sinistros tem como causa o desrespeito a alguma norma de trânsito, e quase sempre o evento é evitável pelo veículo ou pelo condutor".

O especialista reforça ainda que os condutores devem passar por periódicos treinamentos e capacitações, porque "a principal medida preventiva de acidentes é o condutor ter consciência de que seus atos podem resultar em problemas para os demais".

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