Opinião: Talvez Barroca tenha encontrado um caminho
Por 2 a 0, o Ceará venceu a Chapecoense na Arena Castelão
'No meio do caminho tinha uma pedra' escreveu Drummond, poeta brasileiro. A do Ceará era a sequência difícil como mandante na Série B do Brasileirão. Três derrotas em casa gerou incômodo demais. O jejum foi quebrado nesta sexta-feira (2), ao vencer a Chapecoense por 2 a 0, na Arena Castelão. Antes de entrar em campo, o Alvinegro já era aplaudido por 41.153 pessoas, novo recorde de público da competição no ano. A torcida lotou o estádio para celebrar os 109 anos do clube, no mesmo dia.
O Ceará pressionou mas não sustentou o domínio diante do adversário fragilizado. A equipe de Barroca jogou quase todo o 1T na área da Chape. Explorou bastante o lado direito com Chay e Erick.
O camisa 11 teve boa movimentação e se saiu bem da marcação para criar boas jogadas. Erick buscou Nicolas, o homem de referência na área. O camisa 9 ainda tentou um cabeceio, mas mandou para fora. Isolado pela marcação, pouco contribuiu ofensivamente.
Pelo meio, Richardson e Caíque apareceram bem. O volante, aliás, deu o primeiro chute de perigo do Ceará, aos 24 minutos, defendido por João Paulo. Pouco depois, foi a vez de Jean Carlos finalmente balançar a rede no Castelão. Em chute de fora da área, a bola desfilou numa parábola perfeita, até o fundo da rede. O goleiro da Chapecoense se esticou para tentar evitar o gol, mas foi o espectador mais privilegiado dele.
No caldeirão alvinegro, a torcida gritou sem conhecer cansaço. Pelo gol e pela vitória parcial. Celebrar em casa, no dia do aniversário, era importante. Mas o Verdão do Oeste reagiu, explorou as laterais. Cazonatti quase faz em seguida, momento o qual Richard é acionado pela primeira vez. O goleiro vai no lance com firmeza.
Depois de abrir o placar, o Ceará recuou no 2T. A Chapecoense pressionou nos lançamentos longos e nos contra-ataques velozes, com Danrlei, Mancha e Kaio. Sem aproximação tanto para recompor na defesa como na frente, o time de Barroca sofreu. Mas teve Richard, outra vez seguro na defesa da meta. Em pelo menos três chances perigosas do adversário, o camisa 1 se sobressai e evita a conclusão no gol. Ele foi o ponto alto da defesa alvinegra, que se fragilizou com a pressão.
Mas havia uma alternativa. Com 1 a 0 no placar, Barroca optou por Vitor Gabriel no lugar de Nicolas. Janderson e Erick Pulga também entraram. Assim, o ataque ganhou novo fôlego, com mais mobilidade e efetividade. Nos acréscimos, o camisa 63, que já tinha tido boas chances em pouco tempo, conseguiu deixar o dele. VG arranca de antes do meio do campo, sozinho, ajeita a bola e chuta rasteiro, sem chance para o goleiro da Chape.
Não houve cansaço que chegasse aos torcedores e torcedoras que, mesmo vendo o grupo passar sufoco na reta final da partida, não pararam de cantar. No aniversário de 109 anos do clube que se reconstrói para encarar a Série B e se reinventa fora de campo, o presente veio a calhar.
Talvez Barroca tenha encontrado um caminho. O 2 a 0 garantiu mais três pontos e deixou a equipe a um do G-4. Agora em 7º na tabela, o Alvinegro encerrou sequência sem vitórias em casa e ganhou ânimo para encarar o Atlético-GO na próxima rodada. Nem sempre o futebol é bonito, mas é imprescindível que ele seja eficaz, como foi o do Ceará. Por isso é importante comemorar, pelo menos por hoje, o sabor da vitória útil.
Veja também