Com muito embate físico em campo, Alvinegros e Corais fizeram jogo de baixo nível técnico, mas o suficiente para que o Vovô conquistasse vaga na final para enfrentar o Fortaleza. Vantagem de placares equivalentes é do Leão
Quando o futebol cearense retornou, ainda no período somente de treinamentos, a lógica rezava que Ceará e Fortaleza teriam ampla vantagem sobre os rivais quando o Campeonato Cearense reiniciasse. Com estruturas superiores aos demais, os dois representantes da Série A se reuniram várias semanas antes de times como Ferroviário e Guarany de Sobral, por exemplo. Equipes estas semifinalistas da competição.
De fato, o previsto se confirmou, com Ceará e Fortaleza assegurados como finalistas, e o Clássico-Rei decide o Estadual pela 38ª vez. Mas não foi como se imaginava. Não houve vida fácil, principalmente para o Alvinegro. E a prova foi dada ontem, quando o Tubarão da Barra fez jogo equilibrado contra o adversário de primeira divisão. Todavia, o 1 a 0 foi suficiente para o time de Porangabuçu. Felipe Baxola marcou no primeiro tempo e sacramentou a classificação da equipe para mais uma decisão de Cearense contra o maior rival (a terceira em sequência).
Apesar dos 40 dias de treinamento antes da estreia, o técnico Guto Ferreira tem tido trabalho para encontrar a melhor formação possível do Vovô. Depois da derrota no meio de semana no Clássico-Rei, uma série de mudanças foi promovida pelo treinador.
Ricardinho deu lugar a Marthã, e Rick, autor de assistência para Bergson no clássico, também ganhou oportunidade no lugar de Lima. As alterações mostraram o que o treinador queria: time mais rápido e objetivo rumo ao gol adversário. E, em parte, Guto conseguiu o que queria.
Rick bem
O garoto Rick se mostrou mais produtivo que Lima, levando os marcadores na velocidade e conseguindo chegar na linha de fundo.
Rick também mostrou melhor condição para cumprir papel tático de marcação na recomposição. Também não prendeu a pelota excessivamente, dando fluidez ao ataque alvinegro. Por outro lado, Marthã não deu a vitalidade que se esperava ao substituir o já experiente Ricardinho.
No primeiro tempo, a marcação do Ferrão conseguiu afetar a troca de passes no setor de meio-campo, fazendo o Alvinegro abusar das alas para conseguir criar chances.
As melhores oportunidades, antes do gol, nasceram de erros de saída de bola do Ferroviário, uma equipe também muito aquém do nível que apresentava antes da paralisação em função da pandemia do coronavírus.
Sóbis inquieto
Sem conseguir a movimentação do meio campo desejada, com Vina também preso à marcação, coube a Rafael Sóbis abandonar a área e tentar criar as jogadas.
E assim nasceu o gol solitário alvinegro. Aos 37 do primeiro tempo, ele buscou o jogo pela ponta esquerda e cruzou na medida para um apagado Felipe Baxola. Após o gol, burocraticamente o Vovô virou para o segundo tempo, também sem ser efetivamente incomodado pelo Ferroviário, salvo por falha de Fernando Prass, que deixou a bola escapar nos pés de Vitão. O zagueiro somente devolveu a bola, para sorte do arqueiro ex-Palmeiras e Vasco da Gama.
Ferrão acorda
No segundo tempo, mesmo com várias alterações de Guto, com Rogério entrando no lugar de Baxola, e Ricardinho no lugar de Marthã, por exemplo, não houve uma melhor produção alvinegra, e o Ferroviário acordou. Na primeira investida, Luiz Otávio se confundiu com Fernando Prass e por pouco Dedé não aproveitou.
Visivelmente sem ritmo de jogo, outros atletas como Leandro Carvalho e Wescley também não apresentaram melhorias, e o Ferrão começou a gostar do jogo.
Nos minutos finais, uma pequena pressão ainda resultou em cobrança perigosa de falta. Welington Rato cobrou com categoria, obrigando Fernando Prass a realizar grande defesa. No rebote, por pouco o Ferroviário não marcou. Fim de jogo com muita dificuldade e esforço do Alvinegro, situação que, apesar de todas as dificuldades, não era esperada pelos torcedores do Vovô, tendo em vista a qualidade do plantel a das condições estruturais oferecidas.
Pelo lado do Ferroviário, o terceiro lugar na competição estava dentro do previsto, apesar da queda de produção no período pós-retorno do futebol. Agora, o time da Barra do Ceará vai fazer o trabalho de aprofundamento junto com o técnico Marcelo Vilar para encontrar a melhor solução em termos de elenco para a disputa do Campeonato Brasileiro da Série C. Competição à qual o Ferrão já provou que pode sim executar uma boa campanha e, quem sabe, subir para a Série B do Brasileiro.