Queimadas no Pantanal mataram 17 milhões de animais vertebrados em 2020

Pesquisadores percorreram áreas do bioma atingidas pelos focos de incêndio para estimar o número de vítimas

Escrito por Redação ,
mortes de animais no Pantanal em 2020
Legenda: Fogo consumiu cerca de 26% do bioma no ano passado
Foto: Mauro Pimentel/AFP

Ao menos 17 milhões de animais vertebrados morreram queimados no Pantanal em 2020, quando o fogo devastou 26% da área do bioma, isto é, cerca de quatro milhões de hectares. Com mais de 9 milhões de mortes, as cobras aquáticas foram as mais atingidas pelos incêndios.

O levantamento faz parte de um estudo, que ainda não consta em revista científica, mas foi submetido ao periódico Scientific Reports. Para chegar ao número de animais mortos, os pesquisadores aplicaram uma "técnica de amostra de distâncias em linhas".

Os pesquisadores percorreram trilhas em linha reta, cada uma entre 500m e 3km, em áreas pré-determinadas pelos focos de incêndio. Ao todo, foram 114 km. Nesse percurso, eles conseguiam avistar as carcaças de animais e as registravam com datas e coordenadas geográficas.

No entanto, o cálculo matemático utilizado apenas estimou a quantidade de animais vítimas do fogo, já que muitos deles vivem em tocas ou dentro de ocos de árvores, e isso impossibilita a identificação. 

Grupos

O trabalho de campo era realizado em até 72 horas após o início dos focos de incêndio, mas a maioria dos casos foi catalogada entre 24 e 48 horas.

A força-tarefa dividiu os animais em dois grupos, conforme o tamanho da carcaça: pequenos vertebrados (menos de 2kg), como anfíbios, pequenos lagartos, cobras, pássaros e roedores; e médios para grandes vertebrados (2kg ou mais), como queixadas, capivaras, mutuns, grandes cobras, tamanduás e primatas.

O Pantanal é composto por mais de 2 mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos. Contudo, o número de invertebrados não é de conhecimento público. 

Por fim, o estudo advertiu que a frequência, a duração e a intensidade das secas no Pantanal são potencializados pelas mudanças climáticas a partir da ação humana. Isto poderá empobrecer o ecossistema da região. 

Além de pesquisadores da Embrapa Pantanal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a pesquisa contou ainda com apoio do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), Universidade do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), entre outros.

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