Ministério Público denuncia médico e prefeito afastado de Uruburetama José Hilson de Paiva
Paiva foi indiciado por estupro de vulnerável no último mês de julho, e está preso em penitenciária de Aquiraz; esta é a primeira denúncia do MP contra ele
O Ministério Público do Ceará (MPCE) ofereceu à Justiça a primeira denúncia contra o médico e prefeito afastado de Uruburetama José Hilson de Paiva na última sexta-feira (2). O médico é investigado por suspeita de estuprar e filmar mulheres durante atendimentos médicos, em consultórios que mantinha em Uruburetama, onde morava, e no município de Cruz, cidade vizinha. A denúncia é relativa a duas vítimas. O médico cometia os crimes desde a década de 1980.
José Hilson foi indiciado por estupro de vulnerável no último mês de julho, e está preso na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza.
A denúncia do MPCE foi feita por meio do promotor de Justiça respondendo pela Comarca de Cruz, Rodrigo Coelho Rodrigues de Oliveira, e dos promotores de Justiça integrantes do Núcleo de Investigação Criminal (Nuinc). O conteúdo da denúncia não pode ser divulgado por estar em segredo de Justiça.
No último mês de julho, a Promotoria de Justiça de Cruz recebeu os depoimentos das primeiras quatro vítimas que se apresentaram à delegacia após a divulgação do caso em reportagens do Sistema Verdes Mares. Vídeos feitos pelo próprio médico durante décadas, que mostram os estupros, foram divulgados em matéria do Fantástico.
Antes disso, nenhuma mulher havia denunciado o médico. José Hilson trabalhou como médico da Prefeitura de Cruz de 1992 a 2012, e manteve um consultório particular na cidade até 2018.
Ainda no mês de julho, o MPCE pediu a prisão preventiva do médico, decretada pela Justiça no dia 19 de julho. Dez dias depois, José Hilson foi transferido para o sistema penitenciário do Ceará.
Segundo o MPCE, no primeiro inquérito instaurado em junho deste ano, sob responsabilidade do Nuinc, até o momento, seis vítimas e uma testemunha foram ouvidas. Em 15 de julho deste ano, foi instaurado outro inquérito policial em Uruburetama, quando novas vítimas começaram a ser ouvidas.
Ainda de acordo com o Ministério Público, pelo menos 18 vítimas já identificadas nas imagens exibidas pela imprensa ainda vão ser convidadas para prestarem declarações.
Defesa diz que irá recorrer a tribunais superiores
A defesa do médico, representada pelo advogado Leandro Vasques, afirmou que levará o caso a tribunais superiores, se necessário, para soltar o cliente: "Nada justifica a Polícia indiciar o médico Hilson Paiva por estupro de vulnerável sem nem mesmo ouvi-lo a respeito. Agora, o Ministério Público oferece uma denúncia em cima de um inquérito onde o investigado sequer prestou depoimento. Já se percebe que a intenção é muita mais em dar uma resposta à sociedade do que ser ter compromisso com o devido processo legal. Não tem problema. Lá nos Tribunais Superiores essas nulidades serão enxergadas. O tempo dirá".