Líderes com trajetória no Ceará são considerados 'heróis da Pátria'; veja quem são

Por iniciativas de parlamentares, Dragão do Mar, Jovita Feitosa, Antônio Conselheiro, Bárbara de Alencar e Martim Soares Moreno tiveram seus nomes gravados no "Livro de Aço" que homenageia figuras marcantes para a História

Escrito por Redação ,
Legenda: Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria fica no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes
Foto: Foto: Agência Senado

Dragão do Mar, Jovita Feitosa, Antônio Conselheiro, Martim Soares Moreno, Bárbara de Alencar: você sabe o que esses nomes têm em comum? Personagens de diferentes épocas da História do Brasil, todos fincaram, por nascimento ou outras razões, raízes no Ceará. E mais do que isso, foram além: com peculiaridades de diferentes trajetórias, materializaram feitos que os tornaram "heróis da Pátria".

O título está gravado em "páginas" de aço: no fim de 2018, o líder abolicionista, a jovem que reivindicou o direito de ingressar nas fileiras das Forças Armadas, o português considerado "fundador" do Ceará e a pernambucana radicada no Estado, tida como a primeira presa política do País, tiveram seus nomes gravados no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, um documento que preserva figuras que marcaram a História do Brasil. Já em maio deste ano, a inclusão do beato, líder espiritual do Arraial de Canudos, no mesmo livro, virou lei - mas o nome dele ainda não foi gravado no livro.

Atualmente, são 62 os brasileiros agraciados com o título de heroísmo, além da inscrição que homenageia os cerca de 65 mil Seringueiros Soldados da Borracha nordestinos que foram alistados e transportados para a Amazônia para extrair borracha durante a II Guerra Mundial.

A nomeação dos homenageados se dá por ato do Congresso Nacional, que sugere por meio de projeto de lei a inserção do novo nome, observando-se um período mínimo de dez anos após a morte do homenageado.

O Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, também conhecido como Livro de Aço, está no Panteão da Pátria, monumento inaugurado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 1989. Toda vez que um novo nome é gravado nas laudas de metal com a respectiva biografia, uma cerimônia in memoriam ao homenageado é realizada.

Legenda: Homenageados têm os nomes gravados em laudas de aço com as respectivas biografias
Foto: Foto: Agência Senado

Líderes

Alguns dos "heróis da Pátria" foram líderes em guerras ou revoluções, como Zumbi dos Palmares e Anita Garibaldi; outros foram artistas ou escritores notórios como Machado de Assis e Heitor Villa-Lobos. Mesmo com trajetórias diferentes, a presença na lista confere a todos os nomes o status de "herói nacional".

Dentre os que têm laços com o Ceará, Martim Soares Moreno, considerado por alguns "fundador" do Estado, foi adicionado como um reconhecimento do papel desempenhado por ele na defesa das terras brasileiras na resistência contra a invasão dos franceses no Maranhão e a invasão holandesa em Recife e Olinda, em Pernambuco.

Já Bárbara de Alencar, nascida em 11 de fevereiro de 1760 em Pernambuco, foi uma das primeiras mulheres a se envolver na política no País. Em 1817, foi presa em Fortaleza por apoiar a Independência do Brasil e liderar o movimento da República do Crato, uma "continuação" da Revolução Pernambucana. Quatro anos depois, ganhou liberdade e, em 1832, morreu na fazenda Alecrim, no Piauí.

"Ela era de uma tradicional família política do Cariri e participou da revolução pernambucana de 1817 lutando contra a opressão e o domínio de Portugal", lembra o historiador Nelson Campos.

Personagem pouco lembrada na História, Jovita Feitosa, por sua vez, voltou à tona como ícone feminista, quando ingressou no final de 2018 no Livro de Aço. Nascida em 1848, no sertão cearense dos Inhamuns, Jovita era adolescente quando o Exército iniciou um movimento para aumentar seus combatentes para a Guerra do Paraguai. A convocação gerou um entusiasmo patriótico, que chegou até o Piauí, onde a jovem de 17 anos morava com seu tio. Ao saber das baixas sofridas pelos brasileiros no front, ela cortou os cabelos com uma faca, vestiu-se com roupas masculinas, se alistou para a guerra e foi aceita.

Liberdade

O nome do líder abolicionista Francisco José do Nascimento, conhecido por Dragão do Mar, também está entre os heróis da Pátria desde o fim de 2018. Ele é considerado o maior herói em favor da libertação dos escravos no Ceará. Nascido em Canoa Quebrada, foi pescador e marinheiro, e liderou os jangadeiros de Fortaleza para que não transportassem os cativos até os navios que faziam o tráfico negreiro para as províncias do Sul.

O historiador e professor Nilo Sérgio resgata que Fortaleza não tinha um bom porto e as mercadorias e pessoas que chegavam em embarcações tinham que ser levadas em jangadas. "Então, sem jangadeiro, não tinha embarque de escravos. Dessa forma, a greve que ele organizou realmente teve tanto impacto econômico quanto simbólico, principalmente porque ele próprio é descendente de africanos".

O levante acarretou no trancamento do porto cearense por duas vezes, em 1881. A recusa do transporte dos escravos levou à decretação da abolição da escravatura na então província do Ceará no ano de 1884 - quatro anos antes do restante do Brasil.

Nomes incluídos no livro

Martim Soares Moreno
O nome do “fundador” do Ceará foi adicionado à lista por seu empenho na defesa dos interesses da Coroa na Colônia.

Bárbara de Alencar
Pernambucana, ela foi presa em Fortaleza e ficou marcada na História do Brasil por se dedicar a construir o ideário liberal e republicano.

Jovita Feitosa
A “Joana D’ Arc brasileira” é lembrada pelo pioneirismo ao reivindicar o direito de ingressar nas fileiras das Forças Armadas.

Dragão do Mar
O líder abolicionista Francisco José do Nascimento é considerado o maior herói em favor da libertação dos escravos no Ceará.

Antônio Conselheiro
O beato Antônio Conselheiro, nascido em Quixeramobim, teve sua inserção no livro publicada no Diário Oficial da União em maio, mas o nome ainda será gravado.

Miguel Arraes 
Radicado em Pernambuco, o político, considerado herói da Pátria também em 2018, nasceu em Araripe, no Ceará.

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