Coronavírus: Cruzeiro no Japão com 3.700 pessoas está há 14 dias em quarentena

O ministro japonês da Saúde, Katsunobu Kato, disse a jornalistas que amostras foram tiradas de 273 ocupantes do navio. Os resultados analíticos de 31 amostras já saíram. Dez deram positivo

Escrito por AFP ,
Legenda: Os testes foram realizados em pessoas com sintomas suspeitos, naqueles que desembarcam durante a escala em Hong Kong e em pessoas que tiveram contato com o passageiro infectado
Foto: AFP

Cerca de 3.700 pessoas de dezenas de nacionalidades estão em quarentena por pelo menos 14 dias a bordo de um navio de cruzeiro no Japão após a confirmação de pelo menos dez casos de contágio do novo coronavírus.

As autoridades decidiram realizar testes para detectar possíveis casos de contágio no "Diamond Princess", que chegou na segunda-feira à noite (3) à Baía de Yokohama, perto de Tóquio, depois de confirmar um primeiro caso de pneumonia viral a bordo.

O ministro japonês da Saúde, Katsunobu Kato, disse a jornalistas que amostras foram tiradas de 273 ocupantes do navio. Os resultados analíticos de 31 amostras já saíram. Dez deram positivo.

As dez pessoas que testaram positivo foram desembarcadas esta manhã. "Nós os fizemos desembarcar e, com a ajuda da guarda costeira, nós os enviamos para centros médicos", disse Kato.

Os testes foram realizados em pessoas com sintomas suspeitos, naqueles que desembarcam durante a escala em Hong Kong e em pessoas que tiveram contato com o passageiro infectado.

Os demais passageiros e membros da tripulação ficarão a bordo em uma quarentena de 14 dias, o que, segundo consenso médico, é o período de incubação do coronavírus, acrescentou o ministro. 

Segundo a operadora de cruzeiros Princess Cruises (empresa do grupo americano Carnival Corp), metade dos 2.666 passageiros do "Diamond Princess" é japonesa. Kato disse depois que cidadãos de 56 países estavam a bordo.

Confinados em suas cabines 
Os passageiros receberam ordens de permanecer confinados em suas cabines durante a quarentena para evitar infecções adicionais. "Até ontem (terça-feira), podíamos passar um tempo nos espaços comuns e fazer atividades, como jogar tênis de mesa. Mas desde esta manhã, não podemos sair de nossos quartos", declarou um passageiro japonês à rede de televisão NHK.

"Tentei ir ao restaurante tomar café da manhã, mas eles disseram: 'Por favor, coma no seu quarto'. Então, esperei pelo serviço de quarto, mas ele ainda não chegou", acrescentou. "O que vou fazer por 14 dias em uma cabine? Só olhar para o mar", disse uma passageira à TV Asahi. 

O Princess Cruises assegurou que o navio se afastaria da costa japonesa para "realizar operações marítimas regulares", antes de se aproximar do porto de Yokohama novamente para "o abastecimento de alimentos e outros suprimentos".

Enquanto isso, os 1.800 ocupantes de outro navio de cruzeiro, o "World Dream", também foram retidos nesta quarta-feira pelas autoridades locais para exames médicos, depois que três casos de coronavírus foram detectados em passageiros recentes.

"Nenhum passageiro ou membro da tripulação está autorizado a desembarcar" até que as autoridades de saúde autorizem, explicou Leung Yiu-hong, um funcionário da área de saúde de Hong Kong.

Mais de 20 países identificaram casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus. A doença matou 490 pessoas na China continental, de acordo com o balanço diário divulgado nesta quarta pelas autoridades chinesas, que também relataram mais de 24.000 infecções.

A epidemia levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma emergência de saúde global.

Vários países, incluindo o Japão, impuseram restrições de viagem à China, onde as autoridades aplicaram medidas drásticas para tentar conter a propagação do vírus, com o confinamento de cidades inteiras.

No Japão, 23 casos foram confirmados até o momento, incluindo pessoas evacuadas de Wuhan (centro da China), o epicentro da epidemia. Esse número não inclui os dez infectados a bordo do "Diamond Princess".

O Japão já repatriou 565 de seus cidadãos de Wuhan em três aviões enviados na semana passada. Um quarto voo está planejado e se analisa a possibilidade de evacuar estrangeiros, principalmente esposas chinesas de japoneses.

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