Defesa Civil constatou risco de desabamento seis dias antes de prédio na Maraponga desabar

Em nota, o órgão afirmou que o proprietário disse ter contratado um engenheiro para elaborar um laudo atestando a segurança do local

Escrito por Redação ,
Legenda: Moradores dos prédio sentiram tremores antes do local ceder e conseguiram deixar o prédio a tempo
Foto: Foto: Almir Gadelha

A Defesa Civil de Fortaleza constatou o risco de desabamento seis dias antes do prédio na Rua Travessa Campo Grande, no bairro Maraponga, desabar parcialmente. O órgão informou que os moradores do edifício foram orientados a contratar um engenheiro para avaliar a estrutura. Os condôminos questionaram, no entanto, o motivo para o local não ter sido interditado. 

Na tarde do último sábado (1º), o prédio Solimar Residence desabou parcialmente. Moradores que estavam no local sentiram tremores antes do imóvel ceder e conseguiram sair a tempo. No entanto, um cachorro e duas calopsitas ficaram no edifício. A população clamou pelo resgate dos animais, que só pôde ser feito na manhã deste domingo (2). 

Em nota, a Defesa Civil confirmou que um agente foi ao imóvel duas vezes, nos dias 24 e 26 de maio, e constatou o risco de desabamento. Além disso, o órgão ressaltou que o proprietário disse que um engenheiro havia sido contratado para elaborar um laudo técnico para atestar a segurança estrutural do prédio.

No entanto, o órgão não informou se o laudo chegou a ser apresentado e nem o motivo para a não interdição imediata. O proprietário não foi localizado pela reportagem.

Indignação

Indignados com a situação, os moradores do local questionam a Defesa Civil pela falta de interdição. De acordo com eles, o órgão não deixou claro o risco de desabamento, dizendo apenas haver "indícios" de abalos nas estruturas.

"A Defesa Civil tinha vindo duas vezes. Até perguntei pra eles por que não tinham interditado a área. Na primeira vez eles disseram que não tinha risco e na segunda vez disseram que tinha indícios que estavam abalando as estruturas. Como é que vê riscos e não interdita a área?", perguntou o morador do local e coordenador de logística Roberto Patriolino. 

Já o morador da casa vizinha ao prédio, Leonardo Rodrigues, disse que o edifício já apresentava problemas há um mês. "Há um mês que o povo fala que esse prédio está desabando. A Defesa comprovou que estava com defeito, arreando. O lado de lá [da parede] estava muito molhado", enfatizou. 

Já a vendedora Roberta Veras, que morava no Solimar Residence, disse que preferiu não arriscar e, assim que notou as rachaduras e infiltrações no prédio, abandonou o local. Ela está morando com o filho na casa da mãe há duas semanas, por desconfiar que o edifício pudesse desabar. Além disso, ela ressaltou que, pelo menos, seis engenheiros foram ao local e descartaram o risco de desabamento. 

"Eu era uma das mais desconfiadas, eu sai logo que começaram essas histórias. Eu não confiei em nenhum. Eu, leiga, não entendo, mas quando eu olhava já me dava medo. Tive até pesadelo que o prédio estava caindo. Acordei desesperada, fui para a minha mãe e não voltei mais para cá", contou Roberta. 

Confira a nota da Defesa Civil de Fortaleza na íntegra: 

A Defesa Civil de Fortaleza esteve no prédio por duas vezes e, no momento em que o agente constatou risco de desabamento, orientou os moradores a buscarem o serviço de um engenheiro para que ele avaliasse a estrutura do edifício. 

Segundo informações repassadas pelo proprietário, um engenheiro foi contratado para a elaboração de um laudo para atestar a segurança estrutural do prédio. 

A Defesa Civil reforça que está com suas equipes de plantão, 24h,  diariamente, para atender a população de Fortaleza, e que os chamados devem ser feitos através do fone 190.

 

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