Adolescente de 14 anos desenvolve jogo de aventura em curso no Bom Jardim
Única garota da turma de Jogos Digitais, Marjory Uchoa, 14, pretende estudar Ciências da Computação e, agora, desenvolver um game acessível para crianças autistas. Ao todo, 27 alunos concluíram cursos de Iniciação à Robótica e Jogos Digitais
Apesar das dificuldades, persistiu. Esse poderia ser um resumo da trajetória que a estudante Marjory Uchoa, 14, percorreu até a conclusão do curso de Jogos Digitais promovidos pelo Instituto Nordeste Cidadania (Inec) no Grande Bom Jardim. Sendo a única menina da sua turma, ela foi destaque ao melhorar habilidades na informática, inglês e desenvolver o jogo de aventura e ação "Mundo Paralelo". As primeiras turmas do projeto LABInec, com aulas de inciação também na área da robótica, formaram 27 alunos neste mês de abril.
"Como eu tinha dificuldade de ir para o curso (por morar longe) foi meio difícil de conseguir, mas ninguém desistiu de mim em nada. Foi ótimo em relação à escola também", relata Marjory Uchoa. A mãe, Josielen Uchoa da Cruz, 32, acompanhante da filha na solenidade de formatura, não escondeu o orgulho, afirmando que o projeto da menina foi o melhor. "Eu vejo que as crianças daqui não têm oportunidade. Elas sabem, querem, têm vontade de aprender, porém os pais não têm dinheiro para pagar cursos caros, não estudam em colégios particulares e o intuito do curso é justamente esse (de ajudar)", pontua.
Para o professor e especialista em desenvolvimento de jogos, Rômulo Jardim, o trabalho é compensador. "É extremamente gratificante porque se foi preparada toda uma estrutura e um material para os alunos, para que nada faltasse e a gente pudesse focar apenas na aprendizagem deles", afirma. Segundo o educador, os alunos tiveram a oportunidade de aprender a construção de narrativas, arte, animação e programação.
"Eu trouxe esse montante de habilidades só que de maneira mais lúdica através do desenvolvimento dos jogos."
Inspirada com os novos conhecimentos, a intenção de Marjory Uchoa é desenvolver um novo jogo focado para crianças autistas e apresentar na feira de ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Acho desigual uma criança autista não jogar um jogo que ela poderia, já que tem dificuldades em algumas áreas. Eu vou tentar aprimorar um jogo para que elas possam", fala. Para a mãe, em relação ao "Mundo Paralelo", já anunciou: "ela disse: 'mãe, eu vou criar o meu próprio jogo, colocar em um aplicativo e vender' e eu: 'amém, minha filha'". O objetivo da adolescente é estudar Ciências da Computação.