Relatos de medo do primeiro plantão de um recém-formado médico
Luiz Carlos Sucupira é um dos novos profissionais que prestam atendimento a pacientes com coronavírus em Fortaleza. Eles atuam em unidade de retaguarda, UPAs e Samu
O primeiro plantão de Luiz Carlos Sucupira, 24, aconteceu há exatos 15 dias. A data, ele recorda com facilidade: 21 de abril, no feriado de Tiradentes. À disposição do serviço de UTI móvel, o médico atendeu, somente naquele dia, quatro transferências de pacientes com sintomas graves da Covid-19.
"Tive insegurança, porque vieram alguns pacientes mais complicados, e devido às condições do sistema de saúde daqui, não dava para fazer um transporte tranquilo. Era uma situação muito estressante, mas, ao final, a sensação foi de dever cumprido, já que deu tudo certo", confessa o recém-formado médico. Ele foi um dos 82 alunos da área de saúde que tiveram colação de grau antecipada na Universidade de Fortaleza no dia 14 de abril.
Apesar da "satisfação" de concluir o expediente que deu início à sua carreira médica, Luiz havia desenhado outras perspectivas para essa etapa. Ele imaginava que após o término do curso fosse atender, sobretudo, pacientes pediátricos.
"Durante a minha vida inteira, eu nunca esperei começar nesse cenário de pandemia, mas quando chegou perto da formatura, sabia que poderia atender alguém com coronavírus, só não esperava que fosse tão grave", considera.
Luiz Carlos faz três plantões por semana. No tempo restante, estuda para a prova de especialização, que está prevista para o fim deste ano. Ele pretende se especializar em medicina intensiva. Além disso, sempre revisa a literatura médica que trata sobre o coronavírus. "Estudando eu me sinto mais seguro em saber como tratar e conduzir o paciente".
O médico conta que se cuida para se preparar para as próximas jornadas. "Eu prefiro manter poucos plantões na semana, tanto para não me cansar, não baixar a minha imunidade, e não adoecer", justifica.