Coronavírus: sem casos confirmados no Ceará, Secretaria reestrutura rede pública para assistência

Sesa investirá R$45 milhões para compra de material de diagnóstico, insumos hospitalares , além de expansão de leitos em unidades de Fortaleza e interior

Escrito por Felipe Mesquita , felipe.mesquita@svm.com.br
Legenda: Uma das ações divulgadas ontem foi a ampliação de leitos de retaguarda e de UTI para enfrentar a crise. De imediato serão 200 enfermarias e 30 leitos de UTI
Foto: Foto:Nah Jereissati

Embora não tenha caso confirmado de coronavírus (Covid-19) no Ceará, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) anunciou, na tarde de ontem, a execução de medidas na estrutura da rede pública para ações preventivas e de assistência em caso de confirmação da doença no Estado. O Governo estadual liberou R$ 45 milhões, oriundos de reserva orçamentária, para compra de insumos hospitalares e tratamento de pacientes, assim como a expansão de leitos de leitos de retaguarda e de UTI em Fortaleza e no interior.

Em até uma semana, 230 novos leitos serão adaptados na Capital, sendo 200 em enfermarias e outros 30 em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). A informação foi confirmada na tarde dessa quinta-feira (12) pelo titular da Sesa, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr.Cabeto. Segundo ele complementou, mais 150 leitos já foram solicitados junto ao Ministério da Saúde para os hospitais regionais de Sobral, Quixeramobim e Juazeiro do Norte, mas a data para liberação ainda não foi definida.

Conforme Dr.Cabeto, profissionais de saúde serão contratados por meio de cooperativas para que sejam alocados nas unidades onde os 230 leitos serão ofertados. "Nós vamos, nesses dias subsequentes, ter reunião com algumas sociedades de enfermagem e terapia intensiva, para que a gente tenha duplicidade de equipes nos hospitais. A proposta é que se o hospital tem 10 leitos de UTI, que ele tenha equipe de sobreaviso para 20", complementa.

"Isso tudo, nós estamos fazendo não para chamar atenção para o pânico. É preciso manter a cabeça tranquila, serena". Dr. Cabeto

Ainda conforme o secretário, 240 kits para coleta de amostras respiratórias de pacientes foram adquiridos pela Sesa e outros 1.500 solicitados ao Ministério da Saúde. A partir da próxima terça-feira (17), a expectativa é que o Laboratório de Saúde Pública do Ceará (Lacen) comece a fazer a análise dos exames locais, quando deixarão de ser encaminhados para investigação na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. "Isso tudo, nós estamos falando não para chamar a atenção para o pânico. É preciso manter a cabeça tranquila, serena. Nós vamos fazer mais momentos para que a gente possa tranquilizar e não espalhe um pânico desnecessário", defendeu Cabeto.

Na Capital, quem apresenta suspeita da doença deve procurar hospitais particulares, - caso tenha plano de saúde, para fazer a testagem para o novo coronavírus. Enquanto os acolhidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devem procurar o Hospital São José. "Se houver necessidade, um grande número grande de suspeitos, a gente capacitou as equipes das UPAs do Edson Queiroz, Itaperi, Vila Velha, Bom Jardim, Cristo Redentor e Jangurussu".

O último boletim -atualizado ontem pelo Ministério da Saúde - apontou que Ceará investiga 20 casos suspeitos de coronavírus, estando todos os pacientes em isolamento domiciliar. A Capital lidera com 15 casos supeitos, seguida por Crato (2), Aquiraz (1), Caucaia (1) e Quixadá (1). Outros 62 casos foram descartados, totalizando 82 notificações da doença em todo o território cearense. No Brasil, subiu para 77 o número de confirmações da doença em nove estados.

Vigilância

Por não haver nenhuma ocorrência do vírus com testagem positiva no Estado, Dr. Cabeto esclarece que "não cabe medidas extremas", como cancelamento de eventos públicos e calendário escolar, para que a doença seja evitada. Conforme ele explica, o Ceará não chegou na fase de transmissão comunitária. Sendo assim, as autoridades de saúde precisam traçar estratégias de vigilância e aplicação da etiqueta respiratória para identificar casos suspeitos e orientar a população sobre os cuidados preventivos, respectivamente.

São considerados casos suspeitos cearenses que vieram de áreas com transmissão comunitária, como Itália, Alemanha, França e China, e apresentem sintomas virais, a exemplo de febre e tosse. O grupo de risco que mais preocupa a Sesa é o de pacientes sintomáticos incluídos no grupo de risco.

"As que tiveram contato com pessoas que documentaram coronavírus, e que têm sintomas ou vieram dessas zonas, e quando da presença de sintomas graves, falta de ar, febre elevada permanente e estejam em situação de risco. Primeiro as pessoas que tenham redução da imunidade, que estejam em tratamento de câncer, pessoas muito idosas acima de 80 anos ou com doença cardíaca grave devem, na presença de sintomas, procurar atendimento médico", alerta o secretário.

Para o grupo de risco específico, Dr. Cabeto orienta que sejam evitadas aglomerações. Já aqueles que tenham sintomas gripais, a recomendação é que não realizem visitas em ambientes hospitalares ou em presídios, uma vez que a população carcerária é considerada vulnerável. As unidades penitenciárias passarão por triagem durante visitas.

"Não é recomendação do Ministério da Saúde que se faça suspensão, até o momento, de eventos público. Nós achamos que é racional, que pessoas que têm um risco maior, sejam submetidas a um cuidado mais adequado, se protejam e evitem ambientes públicos", reitera.

Vacinação

O Ministério da Saúde resolveu antecipar o calendário da Campanha de Vacinação Contra a Gripe neste ano. As doses serão repassadas na rede pública a partir do dia 23 de março próximo para idosos e trabalhadores da área de saúde, sendo o grupo prioritário por causa do coronavírus.

"É importante que a população não deixe de se vacinar, porque já melhora muito. Vacinando contra os vírus respiratórios vai diminuir a quantidade de pessoas sintomáticas no nosso meio", justifica Joana Maciel. A partir do dia 16 de abril, é a vez de professores, profissionais da segurança e pacientes crônicos. Já no dia 9 de maio, crianças de 6 meses a menores de 6 anos, pessoas entre 55 e 60 anos, gestantes, puérperas e indígenas.

 

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