Caso Marielle Franco: julgamento dos acusados de matar vereadora acontece nesta quarta (30)

Réus confessos vão a júri popular no Rio de Janeiro, um ano após confessarem a participação no crime

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Caso Marielle Franco: veja o que se sabe e o que falta ser resolvido em morte de vereadora
Legenda: Se condenados, dupla pode pegar até 84 anos de prisão
Foto: Guilherme Cunha/Alerj

Após seis anos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o julgamento dos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, acusados pelo crime, acontece nesta quarta-feira (30). O júri terá início às 9h, no 4º Tribunal do Juri do Rio de Janeiro.

Os dois suspeitos foram acusados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco) por duplo homicídio triplamente qualificado, um homicídio tentado, e pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018.

Se condenada, a dupla pode pegar uma pena de até 84 anos de prisão. Eles estão presos desde março de 2019, quando foram denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Em 2023, após uma série de delações sobre o caso, Ronnie e Élcio confessaram participação no crime.

O julgamento poderá ser visto ao vivo, pelo YouTube. Os réus participarão por videoconferência: Ronnie Lessa, do presídio de Tremembé, em São Paulo, e Élcio de Queiroz, do Complexo da Papuda, em Brasília.

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Expectativas da família

Em entrevista ao programa Encontro com Patrícia Poeta, da TV Globo, nesta terça-feira (29), a mãe de Marielle, Marinete Franco, falou sobre a expectativa das vésperas do julgamento.

"Tem sido dias de angústia. É um sofrimento de mais de seis anos. Não tem como uma mãe passar o que eu passei e achar isso normal. Precisamos de justiça. O que a gente realmente quer é a condenação desses homens. Que sejam condenados, sim, e sirvam de exemplo para o nosso país. Que tenha uma condenação e justiça para Marielle e Anderson", desabafa.

Anielle Franco, irmã de Marielle e atual ministra da Igualdade Racial do Brasil, reforça a importância que a repercussão do assassinato da vereadora teve para os debates sobre violência política.

"A Mari foi assassinada da mesma forma que ela defendeu tantas outras pessoas. Aquilo para mim foi a maior pancada que eu pude ter. Fica a luta, fica o vazio, mas fica a responsabilidade de seguir com essa luta", destacou a ministra.

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Legenda: Marielle tinha sido eleita vereadora pelo Psol em 2016
Foto: Reprodução

Como será o julgamento?

O júri popular que será formado nesta quarta é composto por 21 pessoas comuns. Deste grupo, sete serão sorteadas na hora para compor, de fato, o júri. Durante os dias de julgamento, os jurados ficam incomunicáveis para não haver interferências na decisão.

No julgamento, o MPRJ pretende ouvir sete testemunhas. A acusação contará com os depoimentos da única sobrevivente do atentado, a jornalista Fernanda Chaves, assessora que estava no carro com a vereadora e o motorista, além de familiares das vítimas e dois policiais civis.

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Legenda: Policiais foram alvo de investigação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF)
Foto: Reprodução

Após os procedimentos, o juiz, os jurados, o escrivão, o promotor de justiça e o defensor se reúnem em uma sala para decidir a sentença. A decisão é dada pela maioria de votos. Ou seja: se quatro jurados optarem pela condenação dos réus, os outros três não precisarão votar.

À CNN, a defesa de Lessa afirmou que o júri será apenas simbólico e que espera que a sentença seja dada no mesmo dia.

"Não tem muito o que discutir. O que vamos argumentar é por uma condenação justa, visto que o caso foi todo solucionado com base na colaboração dele”, reforça Saulo Carvalho, advogado do policial.

Outros condenados

Além da dupla de policiais, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) também está ligado ao caso. Ele está preso na penitenciária federal em Campo Grande (MS) acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle e Anderson. O irmão dele, Domingos Brazão, também é réu pelo crime, junto do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira.

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