Butantan suspende desenvolvimento da vacina ButanVac após testes não atingirem resultados esperados
A decisão foi tomada após os testes da fase 2 apontarem resultados abaixo dos pré-requisitos estabelecidos de produção de anticorpos
O Instituto Butantan informou, nesta sexta-feira (23), que decidiu suspender os estudos para o desenvolvimento da ButanVac, imunizante contra a Covid-19 produzido integralmente pela instituição. A decisão foi tomada após os testes da fase 2 (etapa na qual é testada a capacidade que a vacina tem de estimular o sistema imunológico a produzir anticorpos) apontarem resultados abaixo dos requisitos estabelecidos de produção de anticorpos.
Segundo o Butantan, o ensaio clínico teve a participação de 400 voluntários. Os resultados mostraram que a ButanVac dobrou o número de anticorpos contra a doença 28 dias após a aplicação. Mas a meta era que induzisse a uma produção quatro vezes maior, como alcançado por outra vacina já disponível à população.
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Segundo acordado com a Anvisa, a candidata não deveria ter um desempenho inferior ao dos imunizantes utilizados atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS), para proteger contra a Covid-19. “Com isso, a instituição não dará sequência ao desenvolvimento da ButanVac”, diz a nota publicada na sexta.
O imunizante tinha as mesmas tecnologias da vacina contra a gripe, especialidade do Instituto, e que utilizam ovos de galinha para produzir os antígenos.
De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, "o ensaio clínico cumpriu o seu papel" e os "resultados científicos" devem ser respeitados.
“Quando dizemos que uma vacina é boa, é porque os estudos demonstraram isso. Nesse caso, o desfecho não demonstrou a imunogenicidade esperada. Por isso, interrompemos o seu desenvolvimento e seguimos no desenvolvimento de rotas mais promissoras. Nosso compromisso é com a ciência e a saúde da população”, afirmou o diretor.
Histórico da vacina
Os estudos para o desenvolvimento da ButanVac tiveram início ainda em 2021 em meio à pandemia de Covid.
A vacina desenvolvida e produzida integralmente no Butantan não teria a necessidade de importação do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo). Na época, os resultados dos testes pré-clínicos realizados com animais se mostraram promissores, o que permitiu evoluir para estudos clínicos em humanos.