Trump pode ser preso? Ex-presidente norte-americano é declarado culpado em julgamento

Ao todo ele foi julgado por 34 crimes, entre eles fraude e suborno de atriz pornô; Saiba o que diz a legislação americana sobre candidatos à presidência condenados

Escrito por Redação ,
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Legenda: Trump pode pegar até no máximo quatro anos de condenação
Foto: POOL / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP

O empresário Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, foi considerado culpado no julgamento sobre a acusação de ter escondido contabilmente o pagamento de US$ 130 mil à atriz pornô Stormy Daniels na reta final das eleições de 2016, na qual derrotou Hillary Clinton. A sentença foi dada nesta quinta-feira (30), mas a pena ainda será determinada nos próximos dias pelo juiz Juan Merchan.

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A pena de Trump deve ser de no máximo quatro anos, já que ele foi julgado e condenado por 34 crimes que são considerados leves no estado de Nova York, da categoria mais branda, a classe E. Com o resultado, analistas norte-americanos já afirmam que é pouco provável que o ex-presidente de fato vá para a cadeia.

O que pode atenuar a pena de Trump?

  • O crime não ter sido violento.
  • Ele ter 77 anos de idade.
  • Já ter sido presidente dos EUA e poder ser novamente.
  • Essa ser a primeira condenação criminal dele.

Com isso, o esperado é que a condenação seja uma multa e um período em liberdade condicional.

Como foi o julgamento

O julgamento começou no dia 15 de abril, com a escolha dos jurados que decidiram o destino de Trump.

Ao longo do processo foi afirmado que Trump cometeu interferência eleitoral em 2016 ao “comprar o silêncio” da atriz pornô Stormy Daniels na reta final da campanha para presidente naquele ano. No fim, Trump, do Partido Republicano, venceu Hillary Clinton, do Partido Democrata.

O que é fato

Trump e seus assessores tinham um acordo com David Pecker, diretor do jornal “National Enquirer”, para ajudar na campanha eleitoral de 2016. Assim, quando surgia uma fonte com alguma notícia negativa para Trump, o “National Enquirer” pagava pela exclusividade, mas nunca publicava a história.

Isso ocorreu com uma ex-modelo da revista Playboy e um porteiro, que tiveram o silêncio comprado. A terceira fonte potencialmente negativa para Trump foi a atriz pornô Stormy Daniels. No julgamento, Pecker afirmou que pagou para “capturar e matar” histórias que poderiam ser ruins para o político.

Versões sobre o caso

A atriz pornô Stormy Daniels afirmou no julgamento que teve uma relação sexual com Donald Trump em 2006, após um torneio de golfe. O ex-presidente nega que isso tenha acontecido.

No tribunal, a mulher disse que Trump não a coagiu a fazer sexo, mas afirmou ter percebido que havia um “desequilíbrio de poder” entre os dois. Em seu relato, afirmou que fizeram sexo na posição "papai e mamãe" e que Trump não usou camisinha.

Trump reconheceu ter conhecido Daniels no torneio, mas negou ter feito sexo ou falado com ela depois.

No caso de Stormy Daniels, o jornal “National Enquirer” não pagou pela exclusividade. Trump, então, envolveu o advogado e assessor direto dele, Michael Cohen, para “matar” a história.

Na reta final da campanha de 2016, ele mesmo pagou US$ 130 mil para Stormy Daniels não desse entrevista sobre o suposto encontro sexual dela com Trump.

Principal testemunha

Cohen foi a principal testemunha da acusação. Durante o julgamento, o advogado disse que Trump ficou muito preocupado com a possibilidade da história de Stormy Daniels ser revelada na reta final da campanha de 2016:

"Ele me disse: 'Isso é um desastre, um desastre completo. As mulheres vão me odiar. Os caras acham legal, mas isso vai ser desastroso para a campanha'", afirmou o ex-funcionário de Trump.

Esses três foram as principais testemunhas do processo. O próprio Trump não prestou depoimento –os advogados de defesa não o convocaram.

Réu em outros casos

Esse foi o primeiro dos quatro casos criminais que Donald Trump enfrenta na Justiça. Nenhum dos outros três tem data marcada para o início do julgamento. A aposta do ex-presidente é voltar à Casa Branca para usar o poder do cargo para se livrar de seus problemas na Justiça.

Saiba do que mais Trump é acusado:

Trump é réu por ter tentado se manter no poder ilegalmente após perder as eleições de 2020 para Joe Biden. A invasão do prédio do Congresso dos EUA em 6 de janeiro de 2021 foi parte dessa campanha ilegal.

O ex-presidente é acusado criminalmente na Justiça do estado da Geórgia de ter tentado reverter o resultado da eleição lá. Ainda não há uma data marcada para o início do julgamento.

Depois de deixar o governo, Trump levou embora documentos sigilosos. Ele não devolveu esses papeis e foi processado criminalmente por isso.

Legalmente, ele ainda pode ser presidente?

Nos Estados Unidos uma pessoa condenada criminalmente e até que já tenha sido presa pode concorrer à presidência do país.

Trump tem alegado ser vítima de perseguição política e ainda afirma que o julgamento criminal seria parte de um plano para evitar a sua volta à Casa Branca.

Vale lembrar que essa é a primeira vez que um ex-presidente dos EUA foi acusado e condenado criminalmente. Assim, não se sabe como os eleitores vão reagir a este fato ao irem às urnas no próximo dia 5 de novembro.

Quais são os critérios para ser presidente dos Estados Unidos da América: 

  • Ter nascido nos EUA.
  • Ter pelo menos 35 anos.
  • Ter morado nos EUA durante 14 anos.

Outros políticos que já concorreram com condenações criminais

Eugene Debs concorreu mesmo preso, há cerca de 100 anos. Ele foi o candidato do Partido Socialista e teve cerca de 1 milhão de votos.

Lyndon LaRouche foi candidato a presidente em todas as eleições entre 1976 e 2004. Em uma das eleições, mesmo preso, ele teve 26 mil votos.

Perdão presidencial

No país há especulações de que, se eleito, o próprio Trump daria um perdão eleitoral para si mesmo. Porém, juridicamente, não está claro se isso é possível. 

No caso específico deste julgamento, por ter ocorrido na Justiça de Nova York, apenas o governador do estado poderia dar um perdão, se assim quiser.