Talibã diz que haverá "consequências" caso os EUA estendam prazo de retirada das tropas
Porta-voz do grupo ameaçou governo americano por querer prorrogar a saída do Afeganistão
Os talibãs advertiram nessa segunda-feira (23) que os Estados Unidos e seus aliados se expõem a "consequências", caso decidam adiar a saída do Afeganistão, prevista para 31 de agosto, uma possibilidade contemplada por Washington para prosseguir com as caóticas operações de retiradas do aeroporto de Cabul.
"Se Estados Unidos ou Reino Unido solicitarem mais tempo para continuar com as retiradas, a resposta é não. Ou haverá consequências", declarou Suhail Shaheen, porta-voz talibã, ao canal britânico Sky News.
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Pressionado por seus aliados, o presidente americano, Joe Biden, citou no domingo (22) a possibilidade de manter as tropas no Afeganistão após 31 de agosto para prosseguir com a evacuação, o que para Shaheen significaria "prolongar a ocupação".
O G7 se reunirá nesta terça-feira (24) para discutir como proceder com as retiradas, em meio a pressões europeias pela prorrogação da presença militar em Cabul.
"A meta é tirar a maior quantidade de pessoas o mais rápido possível", declarou o porta-voz do Pentágono, John Kirby.
Desde que assumiram o poder no Afeganistão em 15 de agosto, os talibãs tentam convencer a população de que seu regime será menos brutal que o anterior, entre 1996 e 2001. Mas suas promessas não conseguem reduzir o desejo de milhares de pessoas de fugir do país.
Retirada
O conselheiro de segurança nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, disse a jornalistas que a Casa Branca espera retirar todos os americanos dentro do prazo, embora tenha admitido que a maior parte daqueles que deixam o país a cada dia são afegãos.
Nas 12 horas anteriores às 15h locais (16h de Brasília) desta segunda, 10.900 pessoas tinham sido retiradas do aeroporto internacional Hamid Karzai, disse um funcionário da Casa Branca.
Com isto, o número de pessoas evacuadas desde julho em voos americanos chegou a 53.000. Este número inclui 48.000 desde que começaram as intensas operações de transporte aéreo, em 14 de agosto.
Outros países
A Alemanha, por sua vez, anunciou que tinha ajudado mais de 2.500 pessoas a fugir, e o Reino Unido, mais de 5.700.
No entanto, muitas pessoas ainda querem deixar o território, por isso a ideia de tentar adiar o prazo de 31 de agosto.
A França considera "necessário" um "período adicional" para concluir a operação, disse o chanceler francês, Jean Yves Le Drian, nesta segunda-feira.
A Alemanha conduz negociações com os Estados Unidos, Turquia e outros aliados para manter o aeroporto aberto após essa data, mas acredita que terá que continuar "discutindo com o Talibã" para que permaneça operacional após a retirada das tropas americanas, segundo o ministro das Relações Exteriores alemão, Heiko Maas.
O governo britânico de Boris Johnson também anunciou sua intenção de defender com Washington a extensão das operações em Cabul além do prazo.