Putin exige reconhecimento de territórios ucranianos invadidos como russos para aceitar cessar-fogo

EUA têm mediado a iniciativa mais recente para suspender a guerra entre os dois países

Trump tem articulado o fim ou pelo menos uma pausa na guerra entre Rússia e Ucrânia
Legenda: Trump tem articulado o fim ou pelo menos uma pausa na guerra entre Rússia e Ucrânia
Foto: SAUL LOEB / AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, apresentou aos Estados Unidos uma série de exigências para aceitar uma interrupção temporária da guerra contra a Ucrânia.  As condições russas são uma resposta à iniciativa norte-americana de firmar um cessar-fogo no conflito.

Na última terça-feira (11), o governo ucraniano assinou uma declaração em que sinaliza a possibilidade de um acordo pelo cessar-fogo de 30 dias a partir de uma proposta elaborada pelos EUA. 

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No entanto, ao submeter as condições à Rússia, as chances de pausa no conflito ficaram mais distantes.

Putin incluiu mais condições no documento e fez questionamentos sobre como os ucranianos iriam usar o período de paz e se receberiam equipamentos bélicos durante a trégua.

Na lista de exigências, ele incluiu:

  • Reconhecimento dos territórios ucranianos invadidos como pertencentes à Rússia
  • Proibição de entrada da Ucrânia na Otan
  • Proibição da entrada de tropas de paz estrangeiras no território ucraniano

Conforme a proposta de Putin, a Rússia consolidaria oficialmente o domínio sobre um quinto do território ucraniano, incluindo as províncias de Donetsk e Luhansk, anexadas ainda em 2014, mas que não são reconhecidas como russas pela comunidade internacional.

Lista

As exigências foram entregues por Putin ao enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, para serem transmitidas ao presidente dos EUA. Witkoff se reuniu com Putin em Moscou, na quinta-feira, para apresentar oficialmente a proposta de cessar-fogo na Ucrânia.

O próximo passo, segundo o Kremlin, seria uma nova conversa entre Putin e Trump, o que europeus e ucranianos apontam como uma manobra da Rússia para prolongar a campanha militar e ganhar mais território da Ucrânia antes de negociar um acordo de paz.

"Putin transmitiu por meio de Witkoff informações e indicações complementares, dirigidas ao presidente Trump", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Quando ele entregar todas as informações a Trump, determinaremos o momento para uma conversa entre os dois presidentes."

Estratégia

A posição reticente de Moscou em aceitar o cessar-fogo de 30 dias mostra a falta de urgência de Moscou em interromper a guerra. Embora o Kremlin afirme que Putin "concorde" e seja "solidário" com a proposta norte-americana, ele exige o cumprimento de certas precondições, incluindo a devolução de Kursk e a definição sobre quem supervisionará o cessar-fogo.

Tudo isso engrossa uma lista com outras exigências: o veto à entrada da Ucrânia na Otan, a desmilitarização e a neutralidade do país e o reconhecimento da soberania russa sobre as regiões ucranianas ocupadas durante o conflito.

A falta de um sinal verde imediato de Putin à proposta americana provocou reações. O chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que as declarações da Rússia sobre o plano de cessar-fogo mostram que o Kremlin "deseja continuar a guerra". O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, afirmou ontem que as exigências russas apenas "complicam e arrastam o processo".

"A Rússia é a única parte que quer que a guerra continue e as negociações sejam interrompidas", disse Zelenski. "Putin não acabará com a guerra por conta própria. Mas a força dos EUA é suficiente para que isso aconteça."

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