Presidente chinês diz que 'não renunciará uso da força' para 'reunificação' com Taiwan

A declaração foi feita durante discurso no Congresso do Partido Comunista da China no qual deve receber o terceiro mandato

Escrito por Diário do Nordeste/AFP ,
Xi Jiping
Legenda: O presidente chinês Xi Jiping realizou discurso no Congresso do Partido Comunista Chinês
Foto: AFP

O presidente chinês, Xi Jinping, abriu, neste domingo (16), o 20º Congresso do Partido Comunista da China, no qual deve ser confirmado a reeleição para o terceiro mandato - feito histórico no País. A fala foi focada em questões domésticas e delicadas para o governo chinês, como as tensões a respeito de Taiwan. 

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A ilha possui um governo autônomo e foi epicentro, em agosto, de uma das maiores crises diplomáticas entre China e Estados Unidos na última década, quando a presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, visitou o território. 

Durante o discurso, Xi Jinping criticou a interferência do que chamou de "forças externas" em Taiwan, mas não citou os Estados Unidos. O líder chinês aproveitou para dizer que "não recusará o uso da força" para reunificar Taiwan à China. 

"Vamos tentar buscar a perspectiva de uma reunificação pacífica com a maior sinceridade e os maiores esforços, mas nunca nos comprometeremos a abandonar o uso da força", assegurou.

Ele sinalizou que a luta por esta 'reunificação' de Taiwan deve ser um dos focos de um eventual terceiro mandato. 

Xi Jiping aproveitou para citar a atuação do governo chinês para alcançar controle total sobre Hong Kong - o território foi palco de protestos pró-democracia. Na avaliação de Xi Jinping, após a repressão realizada na ilha, a cidade passou "do caos à governança". 

Para restaurar a calma neste território autônomo, Pequim impôs, em 2020, uma polêmica lei de segurança nacional, denunciada por vários países ocidentais como liberticida.

'Covid Zero' e economia

O congresso acontece no Grande Salão do Povo, na Praça da Paz Celestial, em Pequim, em meio a fortes medidas de segurança e sob um rigoroso protocolo de "Covid Zero".

A manutenção, ou não, desta política foi uma das questões que cercaram o conclave diante dos problemas cotidianos e econômicos causados por ela. Apesar disso, Xi defendeu firmemente essa estratégia, a qual, segundo ele, pôs "a população e suas vidas em primeiro lugar". 

A China "protegeu a segurança e a saúde no mais alto nível e conseguiu significativos resultados positivos, ao coordenar o controle e a prevenção da epidemia com o desenvolvimento econômico e social", disse ele. 

O quase isolamento que a China se impõe em relação ao restante do mundo e os repetidos confinamentos sufocaram o crescimento de sua economia. Este ano, seu desempenho pode ser o mais baixo em quatro décadas, com a exceção de 2020. 

Sobre o cenário internacional, Xi Jiping evitou falar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia - a China é aliada do presidente russo, Vladimir Putin. Ele preferiu enfatizar Xi também enfatizou "a influência internacional da China, sua atratividade e sua capacidade de moldar o mundo aumentaram significativamente". 

Congresso do PCC
Legenda: O Congresso do Partido Comunista da China encerra no próximo dia 23
Foto: AFP

Reeleição para o terceiro mandato

O dirigente chinês de 69 anos deve ser ratificado como secretário-geral do Partido Comunista da China dentro de uma semana, quando ocorre o encerramento do congresso. 

A decisão será um prelúdio para sua reeleição no ano que vem como presidente da China. Consolida-se, assim, como o líder mais poderoso desde Mao Zedong.

"O 20º Congresso do Partido Comunista da China se reúne em um momento crítico, em que todo partido e a população de todos os grupos étnicos embarcam em uma nova jornada para construir um país socialista modernizado", disse Xi. 

Neste congresso coreografado em detalhes e realizado, em grande parte, a portas fechadas, os 2.296 participantes também vão nomear os cerca de 200 membros do Comitê Central. 

Estes membros vão designar, por sua vez, os 25 membros do Politburo e aqueles que formarão o poderoso Comitê Permanente, a máxima instância decisória do país.

O resultado do congresso deve ser conhecido em 23 de outubro, um dia depois do encerramento, embora as decisões já tenham sido tomadas pelas diferentes facções do partido.