Congresso do Peru abre novo processo de impeachment contra o presidente
O presidente Pedro Pablo Kuczynski é acusado de mentir sobre seu envolvimento com a empreiteira Odebrecht
O Congresso peruano aprovou nesta quinta-feira (15) a abertura de um novo pedido de impeachment contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski por ele ter mentido sobre suas relações com a Odebrecht.
A construtora brasileira é investigada no país por ter distribuído R$ 95 milhões em propina a agentes públicos.
A iniciativa, a segunda em três meses promovida pela oposição, foi aprovada por 87 votos a favor, 15 contrários e 15 abstenções.
Kuczynski, que assumiu o cargo em julho de 2016 e é conhecida pela sigla PPK, evitou a destituição em dezembro graças ao apoio de parlamentares dissidentes do maior partido de oposição, o Força Popular, da ex-candidata presidencial Keiko Fujimori.
Na ocasião, o presidente negociou diretamente com o grupo do irmão e adversário de Keiko, Kenji Fujimori, que se absteve na votação. Em troca, Kuczynski concedeu poucos dias depois o indulto ao patriarca da família, o ex-presidente Alberto Furjimori, que estava preso.
O Congresso deve agora chamar Kuczynski, 79, um ex-banqueiro de centro-direita, para se defender. Durante meses ele negou ter recebido qualquer valor da Odebrecht, mas depois foi revelado que sua consultoria recebeu o equivalente a R$ 2,5 milhões da construtora. Os pagamentos aconteceram anos antes dele se tornar presidente.
O presidente diz não ter feito nada de ilegal no caso.
A destituição do presidente exige o apoio de pelo menos 87 dos 130 parlamentares do Congresso, que é unicameral. Caso o impeachment seja aprovado, o atual vice-presidente Martin Vizcarra assumirá o comando do país até o fim do mandato em 2021.
Uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos e divulgada no último domingo (11) mostrou que 58% dos peruanos defendem o impeachment do presidente e 37% querem que ele termine o mandato. O levantamento, feito entre 7 e 9 de março, tem margem de erro de 2,8 pontos percentuais.
Além de Kuczynski, a participação no esquema da Odebrecht atingiu seus três antecessores no cargo: Ollanta Humala (que está preso), Alan García e Alejandro Toledo (que aguarda pedido de extradição nos Estados Unidos. Keiko, principal líder da oposição, também é investigada por ter recebido dinheiro da construtora brasileira.