Traficantes de Caucaia usaram contas bancárias para ‘lavar’ mais de R$ 1 milhão por ano
Anderson mantinha uma empresa fornecedora de 'quentinhas' para justificar os valores
A 3ª fase da 'Operação Atroz', deflagrada no fim da última semana, em Caucaia, resultou na descoberta de um esquema de lavagem dinheiro. A cada ano, traficantes que atuavam no Distrito de Sítios Novos vinham usando contas bancárias de laranjas para 'lavar' mais de R$ 1 milhão. Os valores partiam de R$ 3 mil, a cada dia.
De acordo com o delegado Huggo Leonardo de Lima, da Delegacia Metropolitana de Caucaia, um dos suspeitos preso durante a operação revelou como o esquema funcionava. Anderson Lima Costa, de 27 anos, era o responsável por movimentar a quantia, diariamente. Ele obedecia ordens de Jurandir de Oliveira Campos Filho, o “Didi”, chefe do grupo.
Anderson mantinha uma empresa fornecedora de 'quentinhas' para justificar os valores. Mas o dinheiro era proveniente do tráfico de drogas, com participação de uma facção criminosa carioca. "Quando o dinheiro chegava ao Anderson, ele distribuía para quem o Jurandir mandava", disse o investigador.
Anderson tinha papel de contador dentro do grupo. Ele era responsável pelas finanças e pagamentos aos fornecedores.
Até a semana passada, sete membros da organização haviam sido presos. Além de Anderson e Jurandir, também foram localizados Vandernilson Araújo Pereira,27, com passagens por porte ilegal de arma de fogo; Wender Carlos Bezerra, com antecedentes criminais por tráfico de drogas; Raimundo Moreira de Menezes ,57, Aldenor Paixão de Menezes Neto,21, Vinícius Almeida Menezes,21, pai e filhos, respectivamente, e José Orlando Gomes do Nascimento, 34. Estes últimos sem antecedentes criminais.
O delegado destaca que Vandernilson era o 'braço direito' de Jurandir: "Ele era o homem de confiança e dentro do grupo tinha função de guardar drogas e armas. Ainda há outros dois foragidos, que até o momento não podemos divulgar as identidades. Também já solicitamos uma ordem judicial para o bloqueio das contas".
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MORTES DE IRMÃS
Jurandir é suspeito de ser mentor e um dos executores das mortes de duas irmãs. Ele foi preso no fim de 2021. De acordo com a Polícia Civil, a partir dos passos dele foi possível chegar aos demais integrantes do bando. O líder teria ordenado o duplo homicídio, porque soube que uma das vítimas vinha se relacionando com um homem de uma facção rival.
Ele não aceitou a situação, tendo em vista que a mulher já tinha namorado com um amigo dele. "Foi fome de vingança, uma punição", pontua Huggo Leonardo.
A OPERAÇÃO
A primeira fase da Operação Atroz foi deflagrada em setembro de 2021. Nessa ocasião, 14 pessoas foram capturadas por força de mandados de prisão temporária. Ainda no ano passado, a PC-CE deflagrou a segunda fase. Dez pessoas foram capturadas, no bairro Parque São Gerardo, no município de Caucaia.
Para o delegado, as prisões são importantes e levam ao enfraquecimento do grupo na cidade. "Nas áreas onde a Polícia Civil chegou com a Atroz, há redução da criminalidade", diz.