Saiba por que policial penal matou homem dentro de restaurante no Eusébio

O policial afirma que não teve a intenção de atirar. Ele foi indiciado por homicídio simples pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) e afastado das funções por determinação da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD)

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Legenda: A vítima ainda tentou se defender, se levantando da mesa e indo de encontro ao agressor
Foto: Reprodução

O policial penal Gleydson Moraes Cantanhede foi indiciado pela morte de Robério Fernandes da Silva. De acordo com o relatório final da Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina (CGD), o crime aconteceu após uma discussão.

Gleydson e Robério teriam discutido, quando a vítima viu que o suspeito estava armado, dentro do restaurante, no dia 21 de junho de 2024, no bairro Urucunema, no Eusébio. 

Robério teria dito não ter medo do agente por ele estar armado. Já o suspeito fala em depoimento que foi ofendido pela vítima e que não teve a intenção de matá-la.

Câmeras mostram que minutos após o início da discussão, o suspeito partiu para cima da vítima já sacando a sua pistola.

A vítima ainda tentou se defender, se levantando da mesa e indo ao encontro do agressor, "contudo, nesse instante, Gleydson efetua um disparo, que acertou a vítima no tórax", segundo o inquérito.

PRISÃO

A Delegacia de Assuntos Internos (DAI) da Controladoria Geral de Disciplina (CGD) decidiu pelo indiciamento, mas acredita que não é mais necessário manter a prisão cautelar do agente "estando a instrução encerrada".

Nessa segunda-feira (1º), a CGD publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) sobre o afastamento preventivo do policial das funções dele e a instauração de um processo administrativo disciplinar.

O policial penal afirmou que não teve a intenção de atirar, porque se tivesse, teria efetuado mais disparos

PASSO A PASSO DO CRIME

O policial chegou ao restaurante na companhia de uma mulher. Ela contou na delegacia que primeiro encontrou o agente em um posto de combustíveis, onde teriam começado a beber.

Em seguida, o suspeito deu carona a ela até o restaurante. Já na churrascaria local do crime, a mulher encontrou Robério, seu parente.

A testemunha diz que deixou a bolsa e foi ao banheiro, quando ouviu os disparos de arma de fogo e viu que seu familiar foi atingido.

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Na versão do policial, ele conheceu a mulher após sair da academia e só teria ido ao posto comprar cigarro, não tendo ingerido bebida alcóolica no local.

Gleydson confirma ter dado uma carona até o restaurante e que ao chegar ao local a mulher colocou a bolsa na mesa e saiu para cumprimentar conhecidos em outra mesa.

O suspeito disse em depoimento ter pedido uma cerveja na churrascaria e que pouco tempo depois "chegou um rapaz, falando com o declarante e perguntado o porquê de o declarante estar armado; que o declarante disse que estava tudo bem e tranquilo, porque era policial".

O agente afirma que a arma não estava a mostra mas que dava para perceber porque ele vestia roupa de academia e "era um pouco colada" e que ainda teria pedido à mulher para "acalmar o homem" e que "viu que não iria dar certo e pediu logo a conta para ir embora".

"Logo após pagar a conta, quando o declarante já estava se ajeitando para sair, o rapaz voltou e disse que o declarante era um policialzinho de merda e que iria passar fome, começando a atacá-lo novamente; Que essa nova discussão não aconteceu muito tempo depois, mas não consegue se recordar de quanto tempo exatamente decorreu; Que, diante dos xingamentos do homem, o declarante falou com uma mulher loira que estava com ele, pedindo que ela o acalmasse, porque não tinha necessidade daquilo e o declarante era policial; Que havia outros clientes no local e alguém deve ter ouvido essa conversa do declarante com a mulher loira; Que, quando o declarante estava indo embora, o homem começou a lhe insultar de novo, perguntando "tu já vai, policialzinho de merda"?"
Trecho do depoimento do agente

Gleydson afirma que sacou a arma, mas "que não teve nenhuma intenção de atirar, tampouco de matar a vítima, até porque, se tivesse, teria efetuado mais disparos".

"Deve-se considerar que tanto vítima quanto executor estavam sob efeito de álcool, o que é confirmado pela unanimidade das testemunhas. Ademais, foi dito que não chegou a haver xingamentos ou ameaças, bem como que Gleydson não chegou a se identificar como Policial no local dos fatos. A discussão se estendeu por cerca de 3 (três) minutos, após o que ocorreu o disparo que acabou vitimando fatalmente Robério"
DAI

O suspeito fugiu do local e não teria se apresentado na unidade prisional onde trabalha, no dia seguinte ao fato.

Horas após o ocorrido, o policial foi até a Delegacia de Assuntos Internos (DAI) e teve a prisão decretada.

A defesa de Gleydson pediu pela revogação da prisão preventiva, alegando que o agente tem residência fixa, filho de menos de um ano e não tem antecedentes criminais.

No relatório final, a DAI destacou que a fase policial está finalizada, "quanto porque não se verificou qualquer ação do indiciado que possa demonstrar que tentou atrapalhar ou prejudicar, por qualquer meio, a instrução".

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