Quem são os cinco chefes de facções no Ceará transferidos para presídios federais
Entre eles, estão um acusado de matar 'Gegê do Mangue' e 'Paca' e um homem apontado como partícipe de um assassinato de um policial militar
Neste mês, cinco chefes de pelo menos três facções criminosas que atuam no Ceará já foram transferidos para presídios federais de segurança máxima, localizados em outros estados brasileiros, para serem separados dos comparsas. Segundo o Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), eles "estariam articulando atos de insubordinação nas unidades (penitenciárias cearenses)".
A reportagem apurou com uma fonte que atua no Sistema Penitenciário que, entre os presos transferidos, estão um acusado de matar os líderes de uma facção paulista, Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Sousa, o 'Paca', em território cearense, em 2018; um homem apontado como partícipe de um assassinato de um policial militar, em 2016; e um homem com mais de 17 passagens pela Polícia do Ceará. Pelo menos dois detentos já estiveram em presídios federais de segurança máxima.
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A 1ª e a 2ª Varas de Execução Penal (VEPs) da Comarca de Fortaleza autorizaram as transferências dos presos nos dias 5 e 6 deste mês de outubro, após pedido do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público do Ceará (MPCE). Os nomes dos detentos e as unidades federais que os receberam não foram divulgados pelos Órgãos.
"De acordo com a solicitação, os internos seriam lideranças de facções locais e as transferências seriam necessárias para evitar situações de instabilidade nas unidades prisionais cearenses, havendo indícios de que os presos estariam articulando atos de insubordinação nas unidades", divulgou o TJCE.
Quem são os presos transferidos
Ronaldo Pereira Costa
É um dos dez acusados de participar do duplo homicídio que vitimou 'Gegê do Mangue' e 'Paca', em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em fevereiro de 2018. O grupo utilizou um helicóptero para cometer o crime, que teria como motivação o fato de a facção paulista suspeitar que a dupla teria desviado recursos da organização criminosa.
Apontado como membro da mesma facção paulista, Ronaldo foi preso em Santa Catarina, em novembro de 2021, e depois recambiado para o sistema penitenciário cearense.
Ronaldo, de 38 anos, foi autuado pela Delegacia Municipal de Horizonte, da Polícia Civil do Ceará (PC-CE), por um motim na Unidade Prisional Itaitinga III, em maio de 2022. Ele e mais dois presos teriam se negado a obedecer ordens de policiais penais e entrado em discussão com os servidores, por alegarem que eram procedimentos ilegais. O suspeito negou as acusações.
No mês seguinte ao motim, Ronaldo foi transferido para a Penitenciária Estadual de Segurança Máxima do Ceará, em Aquiraz.
José Carlos da Silva Lima
Também é apontado como liderança da facção paulista, apesar de negar, e foi autuado junto de Ronaldo Pereira Costa por um motim ocorrido na Unidade Prisional Itaitinga III, no Ceará, em maio de 2022. Disse à Polícia que toda a Unidade estava "cansada da opressão que acontece há cerca de quatro anos" e que os internos sofriam "torturas físicas e psicológicas".
José Carlos, conhecido como 'Neguinho', de 33 anos, responde a vários processos por homicídios, além de roubo, extorsão, sequestro, calúnia e organização criminosa.
Willame Huaina Diógenes Cintra
Já esteve na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná, em 2016, após ser preso por suspeita de participar da morte do soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Hudson Danilo Oliveira, em um tiroteio na zona rural de Jaguaretama. Mas voltou ao Sistema Penitenciário cearense.
Também responde a processos, na Justiça Estadual, por diversos homicídios, latrocínio (roubo seguido de morte), roubo, Crimes do Sistema Nacional de Armas, tráfico de drogas, organização criminosa e fuga de presos. E foi apontado pela Polícia como um dos 'Filhos de Senhorzinho Diógenes', organização criminosa nascida numa família, que cometeria pistolagem na região de Jaguaribe.
Anderson Menezes da Silva
'Gago', como é conhecido, de 36 anos, é apontado como um chefe de uma facção criminosa carioca. Ao divulgar a sua prisão em 2020, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) destacou que ele já tinha 17 passagens pela Polícia:
"Anderson Menezes da Silva (33) contém uma extensa ficha criminal. Ele já responde por seis homicídios dolosos, por integrar organização criminosa, por tráfico de drogas, por porte e posse ilegal de arma de fogo, por roubo, por corrupção de menores e por posse de drogas. No mandado atual, ele responderá também por integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico."
José Glauberto Teixeira do Nascimento
'Amarelo', como é conhecido, é apontado pela Polícia Civil como uma das principais lideranças de uma nova facção cearense, nascida da dissidência de uma facção carioca. Também já respondeu a processos por homicídio e um roubo e já esteve na Penitenciária Federal de Catanduvas.
Estava detido no Presídio Estadual de Segurança Máxima do Ceará, em Aquiraz, mas uma investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) apontou que José Glauberto e a advogada Wanessa Kelly Pinheiro Lopes - que tinham um relacionamento amoroso - trocavam informações sobre a organização criminosa durante as visitas que aparentavam cunho profissional. A advogada foi presa na Operação Profilaxia II, deflagrada em agosto deste ano.