Policial militar é denunciado pelo MPCE por matar pai e filho a tiros no Eusébio

Um comparsa do PM no crime ainda não foi identificado pela Polícia. Ministério Público acredita que o adolescente de 13 anos era o alvo da ação criminosa

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Pai e filho foram mortos a tiros na manhã desta sexta-feira (18)
Legenda: Pai e filho foram mortos a tiros dentro de um veículo, na manhã de 18 de agosto de 2023
Foto: Leabém Monteiro

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou o soldado da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Paulo Roberto Rodrigues de Mendonça pelos assassinatos de Francisco Adriano da Silva, de 42 anos, e do seu filho, de 13 anos, dentro de um carro, no Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), em agosto deste ano.

A denúncia do MPCE, enviada à Vara Única Criminal de Eusébio, da Justiça Estadual, no último dia 20 de outubro, pede a condenação do policial militar por duplo homicídio qualificado - com as qualificadoras de crueldade, impossibilidade de defesa da vítima, emprego de arma de fogo de uso restrito e contra menor de 14 anos, pela morte do adolescente; e de impossibilidade de defesa da vítima e emprego de arma de fogo de uso restrito, pelo assassinato do pai.

Um comparsa do PM no crime ainda não foi identificado pela Polícia. "Consoante restou apurado, Paulo Roberto Rodrigues de Mendonça e seu comparsa estavam na motocicleta Honda Bros de cor branca e placas PNL-2129, quando aproximaram do veículo em que trafegavam as vítimas, onde o denunciado sacou a pistola com inscrição TH40 (numeração suprimida) e realizou diversos disparos contra as vítimas", narra a denúncia.

O duplo homicídio ocorreu na manhã do dia 18 de agosto deste ano. Francisco Adriano levava seu filho para a escola, em um carro, quando houve o tiroteio. Paulo Roberto foi preso em flagrante, poucas horas depois, e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça Estadual.

Questionado sobre a denúncia do MPCE, o advogado Kaio Castro, que representa a defesa de Paulo Roberto Rodrigues de Mendonça, afirmou apenas que "embora existam várias diligências a serem feitas no inquérito policial e o Ministério Público em um primeiro momento não tenha denunciado, aguardamos a citação para que possamos exercer pela primeira vez o contraditório".

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Adolescente era o alvo da ação criminosa

A investigação da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), ligada à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD), levantou provas de que o PM Paulo Roberto Rodrigues de Mendonça cometeu o crime e que o principal alvo do ataque criminoso era o adolescente de 13 anos.

Segundo a denúncia do Ministério Público do Ceará, laudos periciais de Exame de Comparação Balística, elaborados pela Perícia Forense do Ceará (Pefoce), concluíram que as munições apreendidas no local de crime e no corpo do adolescente apresentavam convergência com uma arma de fogo apreendida na posse do policial militar.

Após alguns minutos de perseguição, o suspeito foi interceptado na Avenida B, no bairro José Walter, em Fortaleza
Legenda: Após alguns minutos de perseguição, o suspeito foi interceptado na Avenida B, no bairro José Walter, em Fortaleza
Foto: Reprodução/ WhatsApp Diário do Nordeste

Outro exame pericial apontou que uma balaclava e uma camiseta, de cor preta, apreendidas com o policial, continham partículas indicativas de disparos de arma de fogo. A motocicleta utilizada no crime ainda pertencia ao policial.

O corpo do adolescente tinha 14 perfurações causadas por entradas e saídas de projéteis e o do pai, Francisco Adriano da Silva, apenas duas perfurações. "No caso, as circunstâncias das execuções aliadas à desproporção de lesões compatíveis com projéteis de arma de fogo (PAF) nos corpos das vítimas, levaram à conclusão que o adolescente era o alvo principal dos criminosos", concluiu o MPCE.

Entretanto, a investigação não descobriu ainda qual a motivação do crime. Em depoimento, familiares das vítimas afirmaram que eles nunca falaram de sofrer ameaças nem estavam com o comportamento alterado, nos dias anteriores ao crime. Já o PM preso preferiu se manter em silêncio, ao ser interrogado na DAI.

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