Policiais militares acusados de sequestro e extorsão contra empresário em Fortaleza são demitidos
Outro PM foi demitido pela CGD por ser preso na posse de armas de fogo não registradas
Dois policiais militares foram demitidos pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário do Ceará (CGD), por serem acusados de sequestrarem e extorquirem um empresário, em Fortaleza. Outro PM também foi punido com a demissão, por ser preso na posse de armas não registradas.
As demissões foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) da última terça-feira (13). Segundo a CGD, os soldados da Polícia Militar do Ceará (PMCE) Francisco Rodrigues de Lima Neto e Ítalo Eugênio Parente Silveira cometeram "atos que revelam incompatibilidade com a função militar estadual".
A dupla foi presa em flagrante por extorsão mediante sequestro, contra um empresário (proprietário de um lava-jato em Fortaleza), no dia 16 de fevereiro deste ano. Ítalo Eugênio ainda foi autuado por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido. Um ex-gerente bancário (empresário do ramo de revenda de veículos) também foi preso, por encomendar o crime.
"A vítima teve sua liberdade tolhida, ao ser conduzida no veículo pertencente a terceira pessoa (também preso e autuado em flagrante), além de ter seu aparelho celular e um veículo modelo Toyota Hilux arrebatados mediante coerção e agressão física por parte dos militares, conforme laudo de exame de corpo de delito, caracterizando assim, possível sequestro", narra a CGD, no Diário Oficial do Estado.
Do mesmo modo, a vítima aduziu que durante o tempo em que esteve sob o poder dos acusados, sofreu violência física para que fornecesse as senhas de seu aparelho celular e de sua conta bancária, além do pagamento de R$ 7.000,00 (sete mil reais) para a devolução do aparelho, do veículo e do seu documento de transferência."
A vítima afirmou à Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da CGD, que comprou dois veículos do ex-gerente bancário, no valor total de R$ 311 mil, que repassou um dos automóveis para outra loja e que pagava as prestações do outro carro normalmente.
Entretanto, o suposto mandante do crime cobrava uma dívida da vítima. Conforme a investigação, os acusados obrigaram o dono do lava-jato a entregar dois veículos (uma Toyota Hilux e um Audi A4), junto com as transferências, como pagamento.
As defesas dos policiais militares negaram à CGD, no Processo Administrativo-Disiciplinar, que eles cometeram qualquer crime e afirmaram que a suposta vítima fez falsas acusações. "Aduziu que em relação ao veículo, a vítima o teria entregue de livre vontade, bem como refutou que tenha havido qualquer ameaça ou agressão à sua pessoa por parte dos aconselhados", diz a publicação da Controladoria.
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PM estava na posse de armas não registradas
Outro policial militar, o sargento Natanael Gonçalves Leandro também foi demitido pela CGD, em publicação realizada no Diário Oficial do Estado da última terça (13).
De acordo com o documento, Natanael Gonçalves foi preso em flagrante, junto de um policial penal, pelos crimes de receptação, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e comércio ilegal de arma de fogo, no dia 3 de janeiro de 2020.
A abordagem à dupla foi realizada na Avenida João Pessoa, bairro Parangaba, em Fortaleza. "Foi encontrado no veículo EcoSport do referido sargento uma pistola Glock furtada, um revólver sem registro e várias munições de diversos calibres", relata a Controladoria.
Com o policial penal, ainda foram apreendidas uma pistola calibre 380, um carregador da arma e munições. O seu veículo estava com placas adulteradas. O servidor foi demitido dos quadros da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), em outro processo administrativo, em maio deste ano.
A investigação apurou que os policiais vendiam armas e munições, em grupos nas redes sociais. O preço das munições variava de R$ 1 a R$ 120. Já as armas custavam entre R$ 1 mil e R$ 2,6 mil.
A defesa do PM alegou que “todos os objetos apreendidos com o Aconselhado estavam com ele de boa fé e sem conhecimento de sua ilicitude (no caso a pistola Glock numeração HWM512); de forma precária ainda que transitória, mas sem qualquer ilegalidade (no caso do revolver KJ515711 sem registro, achado pelo popular Luís); e de forma totalmente legal e sob o crivo permissionário do órgão competente (no caso das munições usadas pelo Aconselhado em competição e treinamentos, devido sua condição de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador)”, segundo a CGD.