PMs e perito são ouvidos como testemunhas de defesa no segundo julgamento da Chacina do Curió

MPCE pediu pelo indeferimento do testemunho do perito, por afirmar que ele é indigno de fé. Mas o colegiado de juízes negou o pedido

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Segundo julgamento da Chacina do Curió chegou ao quarto dia, nesta sexta-feira (1º)
Legenda: Segundo julgamento da Chacina do Curió chegou ao quarto dia, nesta sexta-feira (1º)
Foto: Kid Junior

O quarto dia do segundo julgamento da Chacina do Curió, nesta sexta-feira (1º), teve a continuação da oitiva das testemunhas de defesa, no 1º Salão do Júri do Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza. Oito policiais militares são julgados pela morte de 11 pessoas, em novembro de 2015.

A sessão de julgamento foi reaberta às 9h35, com o depoimento da quarta testemunha de defesa, um perito criminalista que serviu à Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e hoje está aposentado do serviço público.

O Ministério Público do Ceará (MPCE) pediu pelo indeferimento do testemunho do perito, por afirmar que ele é indigno de fé, já que foi processado por falsa perícia e falso testemunho, em trabalhos realizados em outros casos, no Ceará e no Piauí. 

A defesa dos PMs mostrou documentos que atestavam que uma denúncia do MPCE contra o perito não foi aceita pela Justiça Estadual e que cinco processos criminais contra ele já tinham sido arquivados definitivamente. O colegiado de juízes acolheu a tese da defesa, indeferiu pedido do Ministério Público e determinou a oitiva da testemunha.

O perito realizou perícias particulares anexadas aos autos do processo, que apontaram falhas na investigação policial da Chacina do Curió. Segundo o trabalho pericial, o sistema de localização da Polícia à época não permitia identificar com exatidão a localização e o trajeto das viaturas que estavam os policiais militares acusados.

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PMs foram ouvidos no 3º dia

O terceiro dia de julgamento foi marcado pela oitiva de três policiais militares como testemunhas de defesa. O primeiro deles foi um PM que trabalha na Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops), que auxiliou no rastreamento das viaturas investigadas, durante a apuração da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD).

Em seguida, foi ouvido um oficial da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que já foi comandante da região onde aconteceu a Chacina e também já foi comandante dos militares que estão sendo julgados.

Também foi ouvida uma policial militar que estava de serviço no dia da Chacina, em uma viatura próxima da área onde 11 pessoas foram mortas, mas não foi acusada pelos crimes.

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testemunhas de defesa serão ouvidas, ao total, no segundo julgamento da Chacina do Curió. A expectativa é que a oitiva das outras cinco testemunhas se prolongue nesta sexta-feira (1º). O julgamento deve entrar também no sábado (2) e no domingo (3), já que a previsão das partes é que o júri seja finalizado em 10 a 12 dias.

Confira o nome dos réus do segundo julgamento:

  1. Francinildo Jose da Silva Nascimento;
  2. Gaudioso Menezes de Mattos Brito Goes;
  3. Gerson Vitoriano Carvalho;
  4. José Haroldo Uchoa Gomes;
  5. Josiel Silveira Gomes;
  6. Ronaldo da Silva Lima;
  7. Thiago Aurélio de Souza Augusto;
  8. Thiago Veríssimo Andrade Batista de Moraes.

Primeira condenação pela Chacina

Na madrugada do último dia 25 de junho, após seis dias de julgamento, o Tribunal do Júri condenou os primeiros quatro PMs réus pelas mortes da Chacina do Curió. As penas somaram 1,1 mil anos no total. Foram condenados: Wellington Veras; Ideraldo Amâncio; Marcus Vinícius Costa e Antônio Abreu.

Os três primeiros foram levados para o quartel da Polícia Militar no Centro da Capital após o júri. Já Abreu foi preso nos Estados Unidos, somente neste mês de agosto.

Quando acontecerá o terceiro júri

Uma terceira sessão do julgamento já está agendada para este ano. No próximo dia 12 de setembro, será a vez de julgar todos os oito réus que compõem o processo 3 da Chacina do Curió.

Nesta ocasião, estão previstos 21 depoimentos, sendo seis de vítimas sobreviventes, sete de testemunhas e oito interrogatórios.

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