PM condenado pela Chacina do Curió, que mora nos EUA, entra na lista de procurados da Interpol

Abreu Filho é o único condenado no primeiro julgamento da Chacina que não foi preso ainda, por não ter sido encontrado

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
O nome de Abreu Filho foi incluído na lista da Difusão Vermelha, com validade de um ano, na última terça-feira (4)
Legenda: O nome de Abreu Filho, condenado por participação na chacina do Curió, foi incluído na lista da Difusão Vermelha da Interpol
Foto: Reprodução/ Interpol

O policial militar Antônio José de Abreu Vidal Filho, condenado a 275 anos e 11 meses de reclusão, por participação na Chacina do Curió, em Fortaleza, entrou na lista da Difusão Vermelha (procurados) da Interpol (Polícia Internacional). Ele mora nos Estados Unidos e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça do Ceará. A defesa do PM diz que "está tranquila" e espera que ele siga em liberdade.

Abreu Filho é o único condenado no primeiro julgamento da Chacina que não foi preso ainda, por não ser encontrado. Ele acompanhou o Tribunal do Júri e foi interrogado por videoconferência direto do país norte-americano, no último dia 22 de junho.

Os PMs Ideraldo Amâncio, Marcus Vinícius Sousa da Costa e Wellington Veras Chagas, também condenados a 275 anos e 11 meses de reclusão, foram presos após a divulgação da sentença judiciária e recolhidos ao Presídio Militar, em Fortaleza.

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O nome de Abreu Filho foi incluído na lista da Difusão Vermelha, com validade de um ano, na última terça-feira (4), conforme informação prestada pela Interpol ao Poder Judiciário do Ceará.

"O fato ficou conhecido como 'Chacina do Curió', em que, em retaliação à morte de um colega da Polícia Militar, vários policiais militares se reuniram e cometeram os crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio, lesão corporal e tortura contra jovens da Grande Messejana. Segundo a denúncia, Antônio José de Abreu Vidal Filho, Wellington Veras Chagas Ideraldo Amâncio e Marcus Vinícius Sousa da Costa atuaram em concorrência para a prática dos crimes", resumiu a Interpol.

Defesa acredita em liberdade

O advogado Delano Cruz, que representa o PM Antônio José de Abreu Vidal Filho, afirma que a defesa está "tranquila" sobre a inclusão do nome do cliente na lista da Difusão Vermelha da Interpol.

O Abreu tem uma filha americana de 5 meses. Vamos ver como o governo norte-americano vai tratar isso. O processo está em recurso. Há uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que diz que a prisão só pode ser cumprida com o trânsito em julgado."
Delano Cruz
Advogado

A defesa de Abreu entrou com um habeas corpus, com pedido de liminar, no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Mas o pedido liminar já foi negado pela desembargadora Marlúcia de Araújo Bezerra, na última segunda-feira (3). A magistrada já havia negado um pedido liminar de soltura do réu Ideraldo Amâncio, no dia 28 de junho último.

"Não cabe essa prisão provisória, porque ele (Abreu Filho) estava em liberdade. Ele não está fugindo, não se escondeu. Foi para os Estados Unidos em 2019, mas voltou ao Brasil cinco vezes, nesse período. Ele está aguardando a tramitação do processo", enfatizou Delano Cruz.

PM responde por deserção

Antonio José de Abreu Vidal Filho responde a um processo por deserção da Polícia Militar do Ceará (PMCE), na Justiça Estadual, em razão de não voltar ao trabalho depois de 6 meses de falta. Desde 2019, ele está na situação de "agregado" da Corporação, com os salários suspensos.

No julgamento da Chacina do Curió, Abreu negou participação nos crimes. O réu sustentou que foi à Praça do Crack É Possível Vencer apenas para prestar solidariedade ao colega de farda que havia sido baleado em um assalto - e que veio a morrer - e que, depois, saiu do local e voltou para casa, antes das 11 mortes ocorridas na madrugada de 12 de novembro de 2015.

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