MPCE denuncia médico investigado por estuprar pacientes durante atendimento em Hidrolândia

Ricardo Teles foi detido em Fortaleza e indiciado pela Polícia Civil do Ceará. Ele segue preso

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
mpce fachada
Legenda: A denúncia foi formalizada por intermédio da 2ª Promotoria de Justiça de Santa Quitéria e enviada ao Poder Judiciário.
Foto: Divulgação

O Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou o médico Ricardo Teles Martins, 45, por crimes contra a dignidade sexual. A denúncia foi formalizada por intermédio da 2ª Promotoria de Justiça de Santa Quitéria e enviada ao Poder Judiciário. O acusado atendeu durante anos, em unidades de saúde da cidade de Hidrolândia, Interior do Estado.

Ricardo Teles foi detido em Fortaleza e indiciado pela Polícia Civil do Ceará. Seis mulheres formalizaram boletim de ocorrência alegando serem vítimas do médico. No entanto, a reportagem do Diário do Nordeste apurou que, pelo menos, 40 mulheres afirmam terem sido abusadas sexualmente enquanto passavam por consulta.

"O MPCE também requereu à Justiça a prisão preventiva do médico, que atualmente está preso", disse o órgão. Até a publicação desta matéria, não havia informação se a Justiça recebeu a denúncia tornando o denunciado réu. A defesa do acusado foi procurada, mas não respondeu.

Informada sobre a acusação, uma das vítimas disse que "é uma sensação de alívio de ver a Justiça sendo feita, uma sensação boa". A mulher, de identidade preservada, ressalta que: "não vai apagar o que foi feito, não tem como voltar atrás, mas é um começo de Justiça".

[Atualização: 19/07/2022, às 8h30] Após publicação da matéria, o advogado de defesa do médico se posicionou alegando inocência do médico. Por nota, o advogado Jorge Mota disse que “este processo tramita em segredo de justiça e, por dever de ética , eu só posso me manifestar nos autos. Contudo, reafirmo que os fatos não ocorreram conforme narrado pelas vítimas. Reafirmo a inocência do dr. Ricardo e estamos trabalhando para provar sua inocência, registrando que o faremos respeitando o sigilo que me obriga a manifestar-se em juízo”.

CORPOS VIOLADOS

Do assédio ao estupro. Em entrevistas exclusivas, as vítimas relataram detalhes de como seus corpos foram violados. São meninas, mulheres, que carregam o drama e o medo de se verem novamente nesta situação, temendo que familiares e amigos desacreditem nas versões delas ou partam do pensamento que: "se aconteceu, é porque deu liberdade para isso". Nas redes sociais, familiares do médico desmentem as denúncias.

As histórias trazem traços de repetição de um mesmo modus operandi do abusador. São sempre mulheres, jovens e adultas, que estiveram dentro do consultório médico para passarem por exames e consultas de rotina.

"Eu tinha que fazer um ultrassom transvaginal. Quando eu cheguei no hospital para fazer, fui a última para entrar. Quando eu vi que ele estava sozinho esperei para ver se alguma enfermeira ia entrar. Não entrou. Foi ele quem me ajeitou. Começou o exame. Ele ficou colocando a mão em cima da minha vagina. Com uma mão segurava o aparelho e com a outra pegava na minha vagina. Então eu fiquei sem ação, fiquei nervosa, vi que aquilo não era normal.
Vítima

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A Polícia Civil do Ceará afirma que, neste caso, "trabalhou a partor dos congruentes relatos das supostas vítimas, até a autoridade policial concluir pela semelhança no modus operandi o que levou ao indiciamento" do médico.

Por nota, a PCCE destaca a necessidade da denúncia: "Crimes sexuais acontecem muitas  vezes a portas fechadas, como no caso de consultórios médicos. A palavra da vítima é de extrema importância diante das caracteristicas desses crimes".

A família do médico preso vem divulgando notas de repúdio nas redes sociais e nega os crimes. Os parentes acreditam que o suspeito será inocentado e "que tudo isso cairá por terra".

 

 

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