Líder do furto ao Banco Central em Fortaleza, ‘Alemão’ muda de lado e integra facção de ‘Majestade’
Descoberta ocorreu em investigação da Polícia Civil do Ceará, que cumpriu mandados contra o novo membro do grupo criminoso
Um dos líderes do furto ao Banco Central em Fortaleza em 2005, Antônio Jussivan Alves dos Santos, o 'Alemão', trocou de facção criminosa durante a detenção em um presídio federal de segurança máxima. Antes ligado a um grupo de origem paulista, o cearense foi cooptado para o Conselho Permanente de uma facção carioca, com atuação no Ceará.
A descoberta da Polícia Civil do Ceará (PC-CE) ocorreu em uma investigação em desdobramento à prisão de Francisca Valeska Pereira, a 'Majestade' - responsável pelo setor financeiro da facção carioca - ocorrida em agosto do ano passado.
As apurações da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) levaram ao cumprimento de mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão expedidos pela Justiça do Ceará contra Antônio Jussivan, detido no Presídio Federal de Catanduvas (PR); e a outro mandado de busca e apreensão contra a sua companheira, Rosângela Oliveira Pontes, no Município de Cascavel, também no Paraná. O casal ainda foi indiciado pelo crime de organização criminosa, na última sexta-feira (19).
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A Polícia acredita que 'Alemão', aos 55 anos, foi cooptado pela facção carioca para dar uma resposta ao enfraquecimento que o grupo criminoso começou a ter no ano passado no Ceará, quando dissidentes formaram uma nova facção e entraram em conflito com os antigos comparsas, na disputa por território para o tráfico de drogas - o que já causou dezenas de mortes.
O cearense nascido em Boa Viagem ganhou notoriedade no mundo do crime nacional ao ser apontado pelas autoridades como um dos mentores do furto de R$ 164 milhões do Banco Central em Fortaleza, em agosto de 2005. Ele também responde a crimes na Bahia, Distrito Federal e São Paulo.
'Alemão' está no Sistema Penitenciário Federal desde 2017, após tentar fugir de um presídio cearense e ser baleado pela Polícia Militar. Ao suspeitar que ele "rasgou a camisa" da antiga facção, a Draco pediu informações ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e confirmou que o cearense adquiriu convivência com integrantes da facção carioca e passou a receber atendimentos dos mesmos advogados de lideranças nacionais do grupo criminoso, como Márcio Santos Nepomuceno, o 'Marcinho VP'.
Preso recebeu ajuda financeira da facção
A investigação da Draco concluiu que Antônio Jussivan Alves dos Santos, como integrante do Conselho Permanente da facção carioca no Ceará, é um dos beneficiados pela "caixinha" do grupo criminoso (ou seja, por estar preso, ele passou a receber ajuda financeira dos novos comparsas).
Foi a partir de transferências bancárias que a Polícia Civil do Ceará chegou a 'Alemão'. Durante a prisão de 'Majestade', em Gramado, no Rio Grande do Sul, no dia 26 de agosto de 2021, os investigadores apreenderam celulares que estavam com ela, inclusive o aparelho do seu companheiro, João Vitor dos Santos, o 'Adidas'.
Veja o vídeo da prisão de 'Majestade':
Com a autorização da Justiça Estadual para extrair os dados dos aparelhos celulares, a PC-CE apurou que 'Adidas' conversava com frequência com Maria Júlia Machado de Menezes, a 'Maluca' (presa em fevereiro de 2022), que seria a responsável direta por transferir valores da "caixinha" para lideranças da facção e que, por isso, prestava contas com o companheiro de 'Majestade', com o envio de comprovantes dos Pix (transferências) realizados.
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Os investigadores encontraram dezenas de comprovantes, que tinham como destinatários principalmente familiares ("laranjas") de integrantes da facção que estão recolhidos nos sistemas penitenciários estadual e federal. Entre eles, o nome de uma mulher que é a sogra de 'Alemão'.
foram transferidos por 'Maluca' para a sogra de 'Alemão', em janeiro deste ano. Segundo conversas nas redes sociais, o trabalho de Maria Júlia de transferir dinheiro para auxiliar as famílias de líderes presos era tido pela facção como de confiança e de grande responsabilidade e, se não fosse bem feito, poderia resultar até em morte.