CGD investiga nove policiais acusados de extorquir traficantes e integrar organização criminosa

Os agentes são alvos da Operação Gênesis, deflagrada pelo Ministério Público do Ceará. Os PMs estão na condição de réus na Justiça do Ceará

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: O 2º sargento irá responder ao Conselho de Disciplina, na CGD, pela acusação de ter cometido o homicídio
Foto: Foto: Cid Barbosa

A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) instaurou conselho de disciplina contra nove policiais militares denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) no bojo da Operação Gênesis. O grupo é acusado de uma série de crimes, dentre eles extorsão e organização criminosa.

Os agentes seriam ligados a narcotraficantes em um esquema milionário de tráfico de drogas promovido no Ceará nos anos de 2016 e 2017. Os agentes foram denunciados por extorsão e organização criminosa. A instauração da investigação disciplinar foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE) dessa segunda-feira (7).

Devem responder administrativamente o 2º sargento Paulo Rogério Bezerra do Nascimento, subtenente Saulo Lemos de Albuquerque, soldado Antônio Danuzio Silva, 1º Sargento Auricélio da Silva Araripe, 1º Sargento Ronaldo Gomes Silva, subtenente José Zorrilo Lima do Carmo, 2º Sargento Neilton Marques Pereira, subtenente Francisco Soares Frota e 1º sargento José Urubatan de Oliveira.

Nos meses de setembro e outubro de 2020, o MPCE deflagrou 1ª e 2ª fase, respectivamente, da Operação Gênesis. Já em maio deste ano, a operação chegou a sua 3ª fase. As investigações acontecem em conjunto entre o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do MPCE, e Coordenadoria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Coin).

Esquema

Consta na denúncia ofertada pelo Ministério Público que os policiais militares, em 2016 e 2017, encabeçados por um policial civil aposentado, participaram de uma organização criminosa praticando uma série de graves infrações penais, como o crime de extorsão. 

A estrutura criminosa ora denunciada foi revelada a partir da percepção, através dos áudios captados na plataforma guardião, da existência de uma teia dcorrupção policial, onde eram utilizados como informantes narcotraficantes, que realizavam levantamentos para os agentes públicos, com o objetivo de identificar indivíduos envolvidos em ações criminosas, para, posteriormente, flagrá-los no cometimento de tais delitos e, destas situações, obterem vantagens ilícitas.
MPCE

"As vítimas eram cuidadosamente escolhidas entre traficantes com considerável poder aquisitivo ou que já tinham alguma passagem pela polícia, o que facilitava tanto as exigências e as abordagens, quanto o alcance das vantagens ilícitas almejadas pelo grupo", conforme acusação da Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar.

Prisões

O grupo de policiais investigado pela CGD também é réu no Judiciário cearense. A denúncia foi aceita pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e também pela Vara da Auditoria Militar do Ceará. Segundo o Gaeco, os agentes atuavam na Capital e na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com extorsão de traficantes médios e pequenos e agiotas.

As informações sobre os alvos eram levantadas pelos traficantes da organização criminosa e pelos policiais, às vezes com uso do sistema da Polícia. E os PMs realizavam as abordagens no exercício da função pública, com a viatura policial, para dar ares de legalidade, apontou a investigação. A reportagem não localizou os advogados de defesa dos réus.

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