Caso Kaianne: entenda como a Polícia descobriu que o marido planejou a morte da contadora em Aquiraz

Uma informação presente no depoimento do marido da vítima e da dupla capturada pelo crime mudou os rumos da investigação

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Legenda: A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Ceará (PC-CE) já havia divulgado que a contadora Kaianne Bezerra Lima Chaves, de 35 anos, foi morta em um latrocínio (ao reagir a um assalto), em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Mas uma informação presente no depoimento do marido da vítima e da dupla capturada pelo crime mudou os rumos da investigação.

De acordo com uma fonte ligada à investigação, tanto o empresário Leonardo Nascimento Chaves, de 41 anos, como o motorista de aplicativos Adriano Andrade Ribeiro e um adolescente informaram à Polícia Civil que, antes do crime, passaram em um supermercado - que fica localizado dentro de um shopping, em Aquiraz.

A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Legenda: A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Foto: Reprodução

Os investigadores solicitaram imagens das câmeras de segurança do shopping e visualizaram uma cena que ligou os três suspeitos: Leonardo esperava no seu carro (que foi identificado pela placa) por Adriano e pelo adolescente para conversarem por cerca de 10 minutos, entre 20h35 e 20h44 da noite de 26 de agosto deste ano. Ao serem reinquiridos após o levantamento das imagens, Adriano e o adolescente contaram detalhes do feminicídio planejado por Leonardo.

A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Legenda: A Polícia Civil teve acesso a imagens de câmeras de um estacionamento de um shopping, localizado em Aquiraz
Foto: Reprodução

Segundo a investigação, poucos minutos depois do encontro, perto de 22h, começou o "assalto simulado": Leonardo foi aguar as plantas da sua residência, para os comparsas anunciarem o assalto e invadirem o imóvel. O homem foi colocado em um cômodo, enquanto a esposa estava em outro.

Leonardo já tinha deixado separados uma corda - para os "assaltantes" o amarrarem - e um pedaço de pau - para matarem a própria esposa. E ainda pediu para os comparsas o agredirem, para fortalecer a versão do latrocínio.

Após matarem Kaianne, os criminosos roubaram objetos da casa, como TVs, aparelhos celulares, outros aparelhos eletrônicos, bebidas alcoólicas e as alianças do casal. O próprio Leonardo Chaves teria ajudado a colocar os pertences no carro dos comparsas e pago R$ 1.200 para a dupla, com a promessa de dar mais dinheiro após o pagamento do seguro de vida da esposa.

A motivação do crime

A principal linha de investigação da Polícia Civil é que o crime foi motivado pelo desejo de Leonardo Nascimento Chaves de obter um seguro de vida, no nome da esposa, no valor de R$ 90 mil, para pagar dívidas.

Leonardo foi preso na noite da última terça-feira (5), ao sair da casa da sogra, em Fortaleza, poucas horas depois de ter a prisão preventiva decretada pelo juiz Caio Lima Barroso, do 4º Núcleo Regional de Custódia e Inquérito (Caucaia).

O diretor do Departamento de Inteligência Policial, delegado Edvando França, afirma que o suspeito ter continuado frequentando o seio familiar da esposa morta supostamente a mando dele é "muito estranho" e deve ser levado em consideração no inquérito: "É um comportamento não usual de um infrator, estar em contato ainda com familiares. Claro que não é normal".

Kaianne Chaves foi morta com uma paulada na cabeça, dentro da sua residência, em Aquiraz
Legenda: Kaianne Chaves foi morta com uma paulada na cabeça, dentro da sua residência, em Aquiraz
Foto: Reprodução

França afirmou ainda que "não existe crime perfeito" e ressaltou que a Polícia, desde o início, não descartou a hipótese de feminicídio ou de envolvimento do marido no crime: "A Polícia Civil é técnica e não segue uma linha sozinha, um único caminho. Todos são possíveis".

"No início, tínhamos como mote, realmente, um latrocínio. Todas as características estavam batendo como se fosse um latrocínio, com a presença de dois indivíduos que invadiram a casa e teriam rendido o esposo da vítima e, posteriormente, assassinado a moça. Sendo que as investigações avançaram, a gente começou a sentir algumas distorções em relação a algumas informações que nos foram passadas, e conseguimos, após esse trabalho, colocar o marido da vítima na cena", explicou Gustavo Pernambuco.

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