CAC dono da arma usada em tragédia dentro de escola em Sobral ofereceu pistola em grupo de Whatsapp

Há suspeita que o preso e o adolescente em conflito com a lei negociaram diretamente a arma, sem a participação do adulto pai do menino detido

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
cac preso
Legenda: O suspeito foi detido nesta quarta-feira (19), em Sobral.
Foto: Reprodução

A investigação da Polícia Civil do Ceará sobre a tragédia que vitimou três alunos em uma escola na cidade de Sobral se encaminha para desvendar o caminho da arma de fogo até que ela chegasse às mãos do adolescente que cometeu o ato infracional análogo a homicídio. A reportagem do Diário do Nordeste apurou que Antônio Felipe de Sousa, Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) e proprietário do armamento, ofereceu a pistola em um grupo de Whatsapp.

A arma foi adquirida e registrada pelo CAC, há quase dois anos. Ele só tinha autorização para posse, ou seja, só poderia transitar com a arma em um trajeto que fosse caminho para um stand de tiro.

Antônio Felipe foi detido nesta quarta-feira (19), por força de um mandado de prisão temporária. Há suspeita que o preso e o adolescente em conflito com a lei negociaram diretamente a arma, sem a participação do adulto pai do menino detido. 

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Felipe passou a ser suspeito de comercializar ilegalmente armas de fogo e munições. Ele teria apresentado versões contraditórias aos investigadores e disse que a arma foi extraviada de dentro do carro dele no fim de semana antes da tragédia.

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Legenda: A Polícia Civil ainda apreendeu computadores e aparelhos celulares do CAC, que devem ser utilizados para subsidiar as investigações
Foto: Divulgação/PCCE

ADOLESCENTE FALAVA DA ARMA NA ESCOLA

A versão contradiz o que um amigo do adolescente infrator contou aos policiais. O aluno e amigo do jovem detido falou na delegacia que o infrator já tinha confessado a ele que adquiriu uma arma, quatro meses antes do atentado na escola.

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Em entrevista concedida ao Diário do Nordeste, o delegado geral da PCCE, Sérgio Pereira dos Santos já havia antecipado que testemunhas disseram que o adolescente falou algumas vezes que o pai era proprietário de uma arma de fogo: "chegou a dizer isso quatro meses atrás". O pai negou à Polícia que era proprietário de qualquer arma.

"A gente precisa atribuir responsabilidades. Qual a responsabilidade do CAC nessa tragédia, qual o papel do pai do adolescente e se tem participação de mais alguma pessoa. Trabalhamos para identificar autorias. Por enquanto, temos a autoria do adolescente pelo disparo da arma de fogo. Se a investigação indicar que essas pessoas praticaram ilícitos, serão certamente indiciadas"
Sérgio Pereira
Delegado geral da PCCE

O MOMENTO DO ATAQUE

O estudante entrou na escola no dia 5 de outubro de 2022, em posse de uma pistola. Ele atingiu três colegas de sala. Nem todos eram da mesma sala de aula, mas estavam reunidos em um espaço de costume, onde interagiam diariamente.

O adolescente apreendido alegou que praticou a ação porque sofria bullying por parte dos colegas

Após o ataque, o garoto saiu da unidade de ensino e seguiu para casa, onde foi apreendido por policiais do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio). Inicialmente ele teria negado a autoria dos disparos. Foi quando os militares disseram que várias testemunhas o apontaram como suspeito, e ele confessou. Pegou a arma e entregou aos agentes.

No dia 8 de outubro, foi confirmada a morte do adolescente de 15 anos, Júlio César. Ele estava intubado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa de Misericórdia de Sobral. Os outros dois adolescentes baleados tiveram alta.

 

 

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