1 mês após morte do jovem alvejado por PM, Polícia não concluiu inquérito e família pede justiça

O menino havia saído de casa a pedido da mãe, para comprar uma pasta de dente. Na rua, foi morto em uma intervenção policial

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
paulo vitor
Legenda: Paulo Vitor Oliveira foi atingido enquanto estava na companhia de amigos
Foto: Reprodução

A investigação acerca da morte do adolescente Paulo Vitor Oliveira, 16, permanece sem respostas. Nessa quarta-feira (24) completou um mês do episódio que resultou no assassinato do estudante e que entrou para a conta de mortos por intervenção policial no Ceará. Agora, 32 dias depois, a Polícia Militar ainda não concluiu o inquérito.

Dos quatro agentes envolvidos na ocorrência, um segue afastado das funções e é alvo de processo disciplinar administrativo. Conforme a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD), o processo disciplinar em desfavor do policial militar Ricardo Lucas Juca segue em fase de instrução processual. A suspeita é que tenha partido deste agente o disparo que atingiu a vítima.

A família do estudante pede Justiça para o caso. Nesta sexta-feira (26), parentes e amigos se reuniram em uma manifestação, às 18h, no bairro Mondubim, local da intervenção. Às 20h aconteceu a missa de um mês em homenagem ao adolescente. 

Protesto após morte de jovem
Legenda: Familiares e amigos protestaram contra morte de jovem
Foto: Reprodução/TV Verdes Mares

A reportagem não localizou a defesa do PM suspeito.

SOBRE A INTERVENÇÃO

No dia da tragédia, Paulo Vitor havia saído de casa a pedido da mãe dele, Ilana Bezerra. Ilana pediu que o filho fosse comprar uma pasta de dente e voltasse logo. No caminho, o menino encontrou com amigos e foi tomar açaí. Foi quando veio uma viatura da PMCE, com a sirene ligada.

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VEJA O VÍDEO:

Um vídeo de uma câmera da região, obtido pelo Diário do Nordeste, mostra a ocorrência. A chegada de uma viatura da Polícia Militar provoca correria. Policiais cercam jovens que estão em uma via, e Paulo Vitor é baleado e cai. O adolescente é retirado do local pelos policiais na viatura, enquanto a comunidade entra em desespero.

A versão da PM é que estava no local em uma ação preventiva e ostensiva, foi surpreendida por disparos de arma de fogo e apreendeu um revólver calibre .38 com seis munições deflagradas. Não há comprovação que a arma estava em posse do estudante, assim como Paulo Vitor não respondia a nenhum ato infracional.

paulo vitor morte intervencao
Legenda: Família e amigos protestam pedindo Justiça para o caso
Foto: Arquivo pessoal

De acordo com a CGD, as imagens da ocorrência do dia 24 de julho de 2022, divulgadas pelos veículos de comunicação, destoam da versão do soldado.

"AFASTAMENTO NÃO É SUFICIENTE"

Ilana Bezerra considera que o afastamento não é punição suficiente e pede que o militar seja preso: "ele precisa pagar pelo que fez com o meu filho, com a minha família. Afastar por 120 dias não é uma garantia. Tenho fé na Justiça de Deus, ainda vou saber que ele vai ser preso", diz.

"Espero que nenhuma mãe passe o que eu passei. Esse homem tirou uma vida. A prisão dele não vai trazer a vida do meu filho de volta, mas é o mínimo que precisa ser feito. Não consigo dormir, os irmãos perguntam pelo Paulo Vitor"
Ilana Bezerra
Mãe da vítima

A família do adolescente condena a ação dos policiais: "A Polícia matou um inocente. Foi isso que aconteceu. Foi isso que eles fizeram e precisam ser responsabilizados. Ele não tinha envolvimento com drogas, com nada disso. Nós não vamos nos calar".

 

 

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