Quadra chuvosa no Ceará em 2021 fica abaixo da média

Acumulados entre fevereiro e maio ficaram 15,4% abaixo do esperado; situação hídrica não teve grandes mudanças

Escrito por Redação ,
Chuva no Ceará
Legenda: Quadra chuvosa 2021 termina abaixo da média esperada
Foto: Fabiane de Paula

A quadra chuvosa no Ceará em 2021 ficou abaixo da média esperada, segundo balanço da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). De fevereiro a maio, o acumulado foi de 508,3 mm, 15,4% abaixo da média esperada (600,7). Em 2020, a quadra ficou acima da média - a primeira vez na década. 

O contingente está abaixo da média esperada e no liminar da zona de normalidade. Em todo o ano, as chuvas acumuladas estão dentro ou abaixo da média esperada. Veja mês a mês: 

  • Janeiro - 45,4 mm (quase 50% abaixo do esperado; 98,7 mm)
  • Fevereiro - 125,9 mm (dentro da normalidade; esperado era de 118,6 mm)
  • Março - 188,6 mm (dentro da normalidade; esperado era de 203,4 mm)
  • Abril - 125 mm (33,5% abaixo da média; esperado era de 188 mm)
  • Maio - 95 mm (dentro da normalidade; esperado era de 90,6 mm) 

Gráfico da quadra chuvosa de 2021 no Ceará
Legenda: Acumulado entre fevereiro e maio foi 15,4% abaixo da média esperada
Foto: Reprodução/Funceme

De acordo com o presidente da Funceme, Eduardo Martins, dias pontuais em que houve chuva acima da média foram importantes para aumentar o acumulado geral. 

"O total observado foi próximo às categorias de normalidade em função das anomalias positivas observadas, principalmente no Cairi. Mas quando a gente olha o estado do Ceará, boa parte das regiões ficou na categoria abaixo da média", explica Martins. 

Em fevereiro, as precipitações destacadas ocorreram nos dias 15, 16 e 27, principalmente no sul e oeste do Estado. Em março, os principais acumulados foram registrados nos dias 24 e 25 e nas regiões de Coreaú, Salgado e Litoral de Fortaleza. 

Já em abril, grande parte do território cearense teve chuvas abaixo da média, com precipitações mais significativas na região do Banabuiú e Jaguaribe. Por fim, em maio, as chuvas mais significativas ocorreram no Litoral de Fortaleza e na região do Coreaú. Enquanto o Norte teve áreas acima da média, o Centro-sul ficou predominantemente abaixo do esperado. 

Dessa forma, de janeiro até hoje, as chuvas em boa parte das regiões do Ceará ficaram abaixo da média. O Litoral de Fortaleza e o Maciço de Baturité ficaram mais próximos da normalidade, enquanto o Cariri teve acumulado 1% acima do esperado. 

Veja os dados por região:

  • Litoral do Pecém: 488,7 mm - 27,7% abaixo da média (676,3 mm)
  • Ibiapaba: 563,6 mm - 16,2% abaixo da média (672,2 mm)
  • Sertão Central e Inhamuns: 437,7 mm - 12% abaixo da média (497,1 mm)
  • Litoral Norte: 692,6 mm - 11% abaixo da média (778,3 mm)
  • Jaguaribana: 536,6 - 7,5% abaixo da média (580,2 mm)
  • Litoral de Fortaleza: 748,8 mm - 6% abaixo da média (796,7 mm)
  • Maciço de Baturité: 684,7 mm -  0,1% abaixo da média (685,4 mm)
  • Cariri: 622,9 mm - 1% acima da média (616,6 mm)

 

Quadra chuvosa não mudou o cenário hídrico

A quadra chuvosa aquém do esperado não influenciou no cenário hídrico do Estado. Os reservatórios cearenses estão com 30% da capacidade máxima. Em 2020, na mesma época, estavam com 34% de reserva. 

Francisco Teixeira, Secretário da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), ressalta que é situação é alarmante sempre que a reserva está abaixo de 50%. 

Legenda: Reservatório Caldeirões, na cidade de Saboeiro
Foto: FOTO: HONÓRIO BARBOSA

"Merece todos os cuidados e alertas. Por outro lado, podemos dizer que já vivemos momentos piores", ressalta. Enquanto alguns reservatórios estão acima de 70% da capacidade, como Araras e Acaraú, há outros em situação preocupante. O Banabuiú, por exemplo, está abaixo de 10%.

Situação dos grandes reservatórios

  • Castanhão -  13% da capacidade
  • Orós - 29% da capacidade
  • Araras - 84% da capacidade
  • Banabuiú - 9,85% da capacidade

O presidente da COGERH, João Lúcio Farias, afirma que a reserva atual é 5,57 bi m³ - diante de 18,5 bi m³ de capacidade. "Nós tivemos uma recarga distribuída nas doze bacias hidrográficas de 1,69 bi. Essa recarga está bem abaixo da média histórica, que é de 4 bi", aponta. 

Ele afirma que os grandes reservatórios e a sub-bacias do Jaguaribe são as de situação mais alarmante. Em contrapartida, houve recuperação de alguns reservatórios, como o Salgado.

"Nós temos uma condição diferenciada. Novamente na região Norte e Noroeste do Ceará, as bacias do litoral tem uma condição confortável ou muito confortável. E uma preocupação ainda nas sub-bacias do Jaguaribe e nos grandes reservatórios".
João Lúcio Farias
presidente da COGERH

Chuva por bacia

  • Acaraú chuvas abaixo da média; 78% da capacidade
  • Baixo Jaguaribe - chuvas abaixo da média
  • Médio Jaguaribe - chuvas em torno da média
  • Alto Jaguaribe - chuvas em torno da média 
  • Banabuiú - chuvas abaixo da média; abaixo de 10% da capacidade
  • Coreaú - chuvas em torno da média; 93% da capacidade
  • Curú - chuvas abaixo da média
  • Litoral - chuvas abaixo da média; 84% 
  • Metropolitana  - chuvas em torno da média; 61% da capacidade
  • Salgado - chuvas em torno da média; 54%
  • Ibiapaba - chuvas abaixo da média
  • Crateús - chuvas abaixo da média 
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