Obra da Transposição do São Francisco atrasa mais uma vez
A cerimônia de entrega havia sido confirmada para hoje (28) pelo ministro da Integração Nacional Pádua Andrade. Esta é a quinta vez que a conclusão das obras do Eixo Norte é adiada. O Ministério não informou nova data
A entrega do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf), prevista para acontecer hoje (28), ficará para a gestão de Jair Bolsonaro (PSL). A cerimônia havia sido confirmada entre os dias 26 e 28 de dezembro pelo ministro da Integração Nacional, Pádua Andrade, no início deste mês, em visita às obras, ao lado do governador Camilo Santana e do presidente do Congresso Nacional, Eunício Oliveira, mas a Pasta confirmou que "não há nenhum evento agendado para os próximos dias".
Iniciado em 2007 pelo governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT), o Pisf foi orçado, a princípio, em R$ 4,8 bilhões. Hoje, a obra hídrica tem investimento previsto de R$ 10,7 bilhões e custo final estimado em R$ 20 bilhões. A expectativa era inaugurar o Eixo Leste, que abastece Pernambuco e Paraíba, durante o mandato do petista, mas isso só aconteceu no governo de Michel Temer (MDB), em março do ano passado. Já o Eixo Norte, que trará água ao Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, segue sem uma nova data.
Atrasos
Esta é a quinta vez que a entrega das obras do Eixo Norte é adiada. A última previsão era que as águas chegassem ao Ceará neste mês de dezembro, mas o atraso se deu pela reparação do vazamento que aconteceu no dique da barragem de Negreiros, em Salgueiro (PE), detectado, no último dia 16 de agosto.
Após três meses do incidente, o Ministério da Integração Nacional admitiu que isso prejudicou o cronograma da obra. Por isso, a nova data, com prazo até o dia 28 de dezembro, foi adiada.
Empreiteiras
Nos últimos dois anos, três consórcios diferentes assumiram as obras do Eixo Norte. Em junho de 2016, a Mendes Júnior, empresa investigada pela "Operação Lava Jato", comunicou sua incapacidade técnica e financeira de executar os seus dois contratos.
Após ser anunciado vencedor do processo de licitação em fevereiro de 2017, o Consórcio Emsa-Siton teve que aguardar a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, suspender, no dia 20 de junho, a decisão pelo desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), que impedia a continuidade das obras. As contratações só foram iniciadas em julho, e a obra foi retomada em agosto. Até então, a previsão para conclusão era no início de 2018.
O terceiro e atual consórcio, Ferreira Guedes - Toniolo, Busnello, que assumiu no último mês de maio, também teve também que conviver com protestos pelos antigos empregados da Emsa-Siton e de empresas terceirizadas, que cobravam salários atrasados. No dia 1º de junho, a entrada do canteiro de obras no município cearense de Jati foi bloqueada. A manifestação durou cinco dias.