Nível do Rio São Gonçalo sobe e invade residências

Escrito por Redação ,
Legenda: As águas do Rio São Gonçalo invadiram cerca de 10 casas. O medo da população é que a barragem do Açude Catolé arrombe e a água volte toda para o rio
Foto: Paulo Rocha
De acordo com o último boletim da Funceme, relativo ao período entre 7 horas do último domingo e 7 horas de ontem, dia 24, choveu em 161 municípios do Estado. No distrito de Carvoeiro, em Itarema, Litoral Norte do Ceará, foi registrada a maior precipitação, com 172 milímetros de chuvas. Em São Gonçalo do Amarante, Litoral do Pecém, foram 167 milímetros, suficientes para desabrigar 10 famílias e ameaçar arrombar a barragem do Açude Catolé, já que o mesmo sangra há dias.

Em São Gonçalo do Amarante, a 53 quilômetros de Fortaleza, a situação é preocupante. Todos os açudes do município estão sangrando, alguns deles até ameaçam arrombar. Desde ontem que as famílias residentes às margens no Rio São Gonçalo estão abandonando suas casas, porque o nível do rio subiu e a água invadiu as moradias.

‘‘Desde domingo à noite que estamos trabalhando para retirar todas as famílias da área. Ao todo ficaram desabrigadas cerca de 50 pessoas’’, diz o coordenador da Defesa Civil do Município, Sérgio Braga. Ele ressalta que a Guarda Municipal, que tem a frente o subtenente da Polícia Militar R.C. Matos, tem ajudado muito no trabalho de retirar as famílias das áreas de risco.

Ontem, a chuva deu uma trégua e nem mesmo o sol escaldante que brilhou o dia todo foi suficiente para afastar o medo da população. É que o Rio São Gonçalo do Amarante também recebe água do reservatório Sítios Novos, em Caridade, e do Rio Mocó. ‘‘O primeiro está ameaçando arrombar e caso isso aconteça ele jogará água no Mocó que, por sua vez, vai desembocar no São Gonçalo. Isso será um desastre’’, diz Sérgio Braga.

Entretanto a maior preocupação do coordenador da Defesa Civil é com a barragem do Catolé, que foi construído em 1993 pela Prefeitura municipal e desde sua construção até hoje não havia recebido tanta água. Segundo Sérgio Braga, o açude está sangrando há semanas e a Prefeitura já mandou aumentar sua barragem em 50 centímetro. ‘‘Nesta última chuva, da noite de antes de ontem, faltaram apenas 15 centímetros para banhar a barragem e se isso tivesse ocorrido a parede arrombaria, já que não teria condições de segurar a vazão’’, diz o coordenador.

Para as famílias que residem às margens do rio, a noite de domingo para segunda-feira foi de terror. Dona Gonçala Moreira Gomes, 43 anos, conta que foi acordada pelos vizinhos nas primeiras horas do dia. ‘‘A noite foi de muita chuva. Só que eu não acreditava que o nível do rio fosse subir tanto’’, diz dona Gonçala.

Com oito filhos pequenos, ontem, ela ainda permanecia na casa. Explicou que não tinha parente e não ia com sua família para o salão do Centro Social Urbano. ‘‘Mas se voltar a chover e as coisas piorarem o jeito vai ser abandonar a casa’’, completa. Ela disse que seus vizinhos foram para as casas dos parentes.