Igrejas adotam medidas de segurança

Escrito por Redação ,
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Foto: Elizângela Santos
O roubo de imagens na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Almofala, Município de Itarema, divulgado com exclusividade pelo Diário do Nordeste, está sendo investigado pela Interpol. O problema evidencia uma questão: como está a segurança nas Paróquias da Igreja Católica no Interior do Estado? Em muitas delas, os padres estão adotando medidas de segurança, tais como substituir a imagem original, de grande valor, por réplicas de gesso. As peças em ouro ou prata são trocadas por latão. A abertura dos templos também fica limitada aos horários de celebração das missas.

Crato / Juazeiro do Norte (Sucursais) — As imagens de santos do Cariri com mais de 300 anos estão guardadas debaixo de sete chaves. A estátua de Nossa Senhora do Belo Amor, por exemplo, que foi trazida da Europa por frei Carlos Maria de Ferrara, fundador da cidade do Crato, foi trancada em um cofre. Nossa Senhora da Penha, padroeira do Crato, foi escondida pelo vigário da Catedral, padre Edmilson Neves. Só ele sabe o local. Estas imagens só são liberadas nos grandes acontecimentos religiosos do ano. Na maioria das paróquias da Diocese do Crato os vigários usam réplicas das imagens antigas. Não existe, entretanto, nenhuma grade de proteção. Na Igreja de Abaiara, o vigário mandou fixar com concreto, no altar, a estátua do Sagrado Coração de Maria.

Em Juazeiro do Norte, a raridade é uma Nossa Senhora das Dores com brincos. A imagem original é guardada em num cofre e substituída por uma réplica feita no Município. O uso de jóias em imagens, segundo o padre Rocildo Alves, vigário Forâneo, é uma tradição barroca.

O vigário geral da Diocese, monsenhor Dermival de Anchieta Gondim, disse que não tem informações sobre o roubo de imagens na região. Mesmo assim, os vigários estão tomando medidas de segurança. Em Brejo Santo, a paróquia mantém um vigia na igreja. Geralmente, os padres guardam as imagens antigas na casa paroquial. O vigário Padre Rocildo diz que o acervo de objetos sacros do Cariri não é muito valioso. “A maioria desse patrimônio desapareceu, ao longo dos anos, porque alguns vigários não tinham noção do valor histórico desses objetos”, lamenta.

De acordo com pesquisa feita pelo historiador Armando Lopes Rafael, as três imagens mais antigas do Cariri estão no Crato. A imagem da Mãe do Belo Amor, pequena escultura de madeira, medindo cerca de 40 centímetros, é venerada, desde os primórdios da Missão do Miranda, origem da cidade de Crato, que data do segundo quartel do século XVIII. Já a Nossa Senhora da Penha foi esculpida em madeira, colocada sobre uma penha de 0,14cm (figurando uma rocha). Tudo talhado num mesmo tronco, a Virgem da Penha se apresenta segurando o Menino Jesus no braço esquerdo e empunhando na destra um cetro. Sua fisionomia é serena e séria, o que lhe dá um porte majestoso e tranqüilo, de cativante simpatia. Esta imagem não se constitui somente numa valorosa relíquia, é também uma autêntica obra de arte.

A descrição acima, feita pelo então monsenhor Rubens Gondim Lóssio, sintetiza bem a segunda imagem venerada como padroeira dos cratenses, entre 1745 e 1938, durante quase dois séculos. Esta escultura foi doada à humilde capela da Missão do Miranda, pelos frades capuchinhos, no ano 1745.

REFORÇO — A segurança nas igrejas de Juazeiro do Norte será reforçada durante a Romaria de Finados. Esse foi um dos principais pontos discutidos durante a Operação Romeiro. Segundo o administrador da paróquia de Nossa Senhora das Dores, padre Paulo Lemos, é necessário o reforço policial não apenas durante as romarias, mas permanentemente. Um dos problemas está relacionado ao número de barracas em volta da Igreja, onde há pessoas que, praticamente, moram durante todo o ano. Ele solicitou apoio das polícias Militar, Civil, Guarda Municipal e Demutran. Durante a romaria de setembro deste ano, ele afirma que a segurança funcionou bem. Além disso, a Igreja mantém um vigilante permanentemente. Ao assumir a função, padre Paulo diz que procurou reforçar todas as portas, para manter a matriz com mais segurança.

A Hora da Graça, que reúne a cada quarta-feira mais de 15 mil fiéis nos Franciscanos, passou a ser uma ameaça para os que participam do momento de oração. Para isso, o frei Raimundo Barbosa Filho tem solicitado a segurança da Guarda Municipal de Juazeiro do Norte. Um guarda faz a segurança diariamente. Durante a romaria serão contratados mais dez seguranças particulares, sem falar nos policiais que permanecerão na área.

Mas no que diz respeito a assaltos também há uma grande preocupação por parte dos administradores das paróquias. Há menos de dois anos, foram registrados assaltos em locais como a Capela do Socorro, onde há segurança dentro da igreja, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, no bairro São Miguel, de onde já foram levados pela madrugada aparelho de som, dentre outros objetos. O pior deles foi registrados na localidade conhecida por Grota, entre os bairros Romeirão e João Cabral, na pequena igreja de Nossa Senhora Aparecida. O vigilante foi morto no local, e de lá foi levado dinheiro, imagens foram destruídas, o vinho derramado e as hóstias.