Hérnia em bezerros

Escrito por Redação ,
Célio Pires Garcia
Médico veterinário, professor de Bovinocultura e diretor da Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Favet-Uece)

O criador de bovinos, Inácio Sobreira, do distrito de Lima Campos, no Município de Icó, disse que em sua fazenda costuma nascer bezerros com hérnia umbilical. Ele gostaria de saber o que provoca essa doença e qual o medicamento ou procedimento que deve fazer.

Para que os bezerros tenham uma boa saúde dois procedimentos são indispensáveis logo após o nascimento: o corte e desinfecção do umbigo e a administração do colostro. A cura inadequada do umbigo é a principal causa do aparecimento de doenças do nascimento ao desmame de bezerros. A ocorrência de afecções umbilicais nem sempre é considerada de grande importância econômica, no entanto, representa-se como um sério problema, principalmente nos rebanhos criados em condições precárias de higiene.

Nos bovinos a hérnia umbilical possui causas congênitas e adquiridas. Nos bezerros, o umbigo tendo uma localização mais ventral no abdômen e sofrendo a ação da gravidade em função do peso do aparelho digestivo, constitui-se em uma predisposição ao aparecimento de hérnia umbilical.

As hérnias umbilicais simples variam de 1 a 10cm de diâmetro, são moles, redutíveis e indolores. Pequenas hérnias (diâmetro menor que 4cm), geralmente, fecham espontaneamente aos 3 ou 4 meses de idade.

A hérnia é facilmente observada à inspeção do umbigo, fornecendo ao examinador as características do conteúdo, de possíveis aderências, da redução total ou parcial do saco para a cavidade abdominal, como também, identificando o tamanho do anel herniário e a presença de constituintes formadores do cordão umbilical.

Nos casos mais graves ocorrem manifestações de dor com inquietação, tentativa de lambedura, de coçar com os pés, bem como outros sintomas menos característicos.

Não existe uma medicação especifica para evitar a ocorrência de hérnias, tendo com único tratamento o procedimento cirúrgico. Não esquecendo que o fator genético é muito forte no surgimento desta alteração e que a cirurgia não vai impedir que o animal transmita este fator negativo aos seus descendentes. A avaliação e a indicação do procedimento a ser adotado são de competência intransferível do médico veterinário, evitando-se a ocorrência de complicações que possam levar a sequelas permanentes e até a morte do animal.