Falta de verba paralisa obras do Açude Taquara

Escrito por Redação ,
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O Dnocs não repassou o pagamento da construtora responsável pelo Açude Taquara, no município de Cariré

Cariré. As obras de construção da barragem do Açude Taquara, no município de Cariré, distante 260km de Fortaleza, foi iniciada em abril deste ano, mas estão paralisadas há mais de 15 dias. Segundo Márcio André, da Construtora Fidens – Engenharia S.A, responsável pela supervisão e construção da obra, dos 550 operários que ocupavam o canteiro da barragem, apenas 11% continuam em atividades. Os demais foram demitidos sem previsão de serem reaproveitados. “Esperamos que em um prazo de 90 dias a situação esteja regularizada e os trabalhos retomados”.

André informa que o principal motivo para demissão dos operários foi por falta de recursos para o projeto. “O governo não nos repassou a segunda parcela do valor destinado à construtora, por esse motivo, a obra está parada. O único setor em atividade é a britadeira”, assegurou André.

José Frota de Sousa, um dos três engenheiros responsável pelo trabalho de campo e que administra o escritório do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) na região, órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional, reforça a informação dada por Márcio André de que a suspensão se deu por falta de repasse de recursos federais.

“A obra está orçada em R$ 82 milhões. Acredito que devido à situação financeira mundial, o repasse não tenha acontecido. Até agora, o Governo Federal depositou apenas R$ 27 milhões”, disse Frota.

Nota pública

Em setembro, numa nota ao público, o Dnocs chegou a comemorar o ritmo acelerado da construção, não só do Açude Taquara, mas também do Açude Figueiredo, na região do Médio Jaguaribe, considerado o maior dos novos reservatórios. Na ocasião o Dnocs afirmava que o Taquara seria o quinto maior reservatório em volume de água do Estado. Em 100 dias já apresentava um cronograma satisfatório e 17% da obra já haviam sido executados, tanto no aspecto físico quanto no repasse financeiro.

O Governo Federal, em parceira com o Estado, projetaram construir onze açudes no Ceará até o fim de 2010, através do Dnocs. Todos têm o abastecimento humano como função principal e, somados, possuem capacidade para armazenar 1,57 bilhão de metros cúbicos. Três reservatórios a serem executados pelo Dnocs estão na lista dos dez maiores do território cearense. O Estado, por sua vez, é responsável pelo pacote que prevê outros oito açudes. Esse total está orçado em volume de R$ 134 milhões.

O chefe de gabinete do governador do Estado, Ivo Gomes, que esteve na região no fim de semana, não quis comentar sobre o assunto. “Esta é uma obra federal, gerenciada e administrada pelo Dnocs”, disse Ivo Gomes.

“A paralisação da obra não trará prejuízo, e nem atraso no prazo previsto para conclusão”, garante Getúlio Maia, que acompanha a construção da barragem desde o início.

O maior dos novos reservatórios em execução é o Açude Figueiredo, no Médio Jaguaribe, que compreende os municípios de Alto Santo e Iracema, com capacidade de armazenar 520 milhões de metros cúbicos — quinto maior volume do Estado. Já o Taquara é em Cariré, na bacia do Acaraú, e sua acumulação máxima é 274 milhões de metros cúbicos. Na verdade, será o décimo maior reservatório hídrico.

Novos projetos

O Dnocs também programou para Crateús, no sertão dos Inhamuns — uma das áreas mais secas do Ceará, a construção do Açude Fronteiras, com previsão de armazenamento de 490 milhões de metros cúbicos e suas obras devem começar no fim deste ano ou no início do próximo. Em volume hídrico, deverá ser o sexto maior do Ceará.

A barragem do reservatório Taquara terá a capacidade de acumulação quase três vezes a capacidade de acumulação do Açude Aires de Sousa, e está sendo construída em terra homogênea, regularizando o Rio Jaibaras, em seu médio curso, em 2,65 m³/s.

O açude tem como objetivos usos múltiplos, tais como o abastecimento humano e animal, favorecendo, principalmente, os municípios de Cariré, Mucambo, Pacujá e Graça. Também objetiva o desenvolvimento da piscicultura na região; controle de cheias; aproveitamento com turismo e lazer, como fonte de benefícios adicionais para a região.

Pode ser agregado, ainda, o aproveitamento hidroagrícola dos solos aluviais férteis à jusante da barragem, assim como para a perenização de um trecho do curso do Rio Jaibaras, beneficiando, desta forma, a população ribeirinha nestas margens do reservatório.

SAIBA MAIS

Estiagem

O município de Cariré, durante oito meses do ano sofre com a estiagem. A única fonte hídrica local é o Rio Jaibaras fica completamente seco, neste período, e a água só chega através de carros-pipas. Por conta dessa situação, a agricultura local, de sequeiro, é incipiente.

Abastecimento

A construção da Barragem de Taquara, que terá capacidade de armazenar 270 milhões de metros cúbicos de água, vai permitir o uso múltiplo da água, assegurando o abastecimento humano, das criações, a agricultura irrigada e piscicultura nos municípios de Arariús, Mucambo, Pacujá e Graça, constituindo-se em suporte hídrico adicional para o Projeto de Irrigação Baixo Acaraú.

Mais informações:
Dnocs
Avenida Duque de Caxias, 1700, Centro
Fortaleza (CE)
(85) 3288.5121

WILSON GOMES
Colaborador