Exportações em Juazeiro ensaiam retomada após queda de 49%

O período de isolamento social freou as sucessivas altas nas vendas para o exterior em Juazeiro do Norte e, durante 4 meses, acumulou déficits. Mas, em agosto e setembro, a curva voltou a crescer e a tendência agora segue em alta

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.com.br
Legenda: A indústria de calçados foi a que apresentou o maior saldo de empregos em Sobral em 2020
Foto: ANTONIO RODRIGUES

Após queda de 48,84% nas exportações, em Juazeiro do Norte, no período do isolamento social mais restritivo, as vendas ao comércio exterior já apresentam sinais de retomada. De acordo com o Comex Stat, sistema para consultas e extração de dados do comércio exterior brasileiro, disponíveis pela Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, em agosto, as exportações cresceram 16,35% em comparação a igual período do ano anterior. Em setembro seguiu a tendência de crescimento (12,2%). De abril a julho o índice esteve em queda, tendo junho o pior déficit (63,34%).

O empresário do setor calçadista, Abelito Sampaio, mostra otimismo para os próximos meses. "As exportações devem voltar à normalidade". Ele ilustra que após a paralisação das atividades, todas as exportações já acordadas tiveram que ser suspensas. "Após quase 90 dias parados recomeçamos com 20%, depois 30% e agora voltando para capacidade normal".

O diretor da Indústria da Secretaria Desenvolvimento Econômico e Inovação de Juazeiro do Norte (Sedeci), Piedley Macedo, concorda com análise de Abelito e ressalta que já "percebemos um crescimento (da exportação) em agosto e setembro, o que pode nos dar uma perspectiva positiva para nos próximos meses".

Piedley aponta ainda que diversas empresas tiveram um faturamento melhor que a expectativa nesta retomada, algumas com produção já programada até o fim do ano.

Superintendente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ana Karina Frota, lembra que no início de 2020 a expectativa era de recorde de exportações em todo o Ceará. "Tivemos resultados positivos no primeiro trimestre. Só em março, era superior em quase 30% a igual período do ano anterior", destaca. Agora, somando de janeiro a setembro, a redução foi de 17,34% no Estado em comparação a igual período de 2019. Em Juazeiro do Norte, o impacto foi mais brando, variação negativa de 6,72% de janeiro a setembro.

Dificuldades

No caso do setor de calçados, que concentra 53,48% das exportações de Juazeiro do Norte, o principal problema é o aumento do preço da matéria-prima em 30%, mais especificamente as resinas termoplásticas. "Estão em falta por conta das petroquímicas, que também pararam e não estão dando conta. Neste ano, estamos ainda bem, mas muitas exportações em 2021 poderão ser comprometidas", adverte Abelito Sampaio. Ele destaca que o comportamento do mercado exterior será o termômetro para avaliar a projeção de crescimento no Município.

Queda

Em março deste ano, quando houve o primeiro decreto estadual estabelecendo o isolamento social e as restrições econômicas, os números vinham de uma crescente. Naquele mesmo mês, a terra do Padre Cícero ainda somou U$ 167.714,00, número maior do que a soma dos quatro meses seguintes. Em relação a março de 2019, quando Juazeiro registrou U$ 29.885,00 em exportações, o aumento foi de 461,20%.

Já entre abril e setembro, somou apenas U$ 168.936, enquanto em 2019 alcançou U$ 247.860. Em 2020, no total, as exportações alcançaram US$ 351.344, 6,72% abaixo de igual períod de 2019, quando o Município caririense somou US$ 376.695. Os maiores mercados são o Paraguai (48,02%) e a Bolívia (33,97%).

Com a redução, surgiram as demissões. Em Juazeiro do Norte, segundo dados da Fiec, o número de empregados na indústria, no fim de 2019, era de 44.452. Até o fim de setembro, eram 43.372 trabalhadores. Ou seja, desde o início do ano, o número de empregados sofreu uma redução de 2,42%. Para ajudar na recuperação dos empresários, e consequentemente retomar a abertura de vagas, a Sedeci tem aproximado as indústrias dos agentes que auxiliam o processo de exportação. "Nosso trabalho tem sido de conversar e atender mercado interno e externo. São processos da pandemia e novos aprendizados", detalha a titular da Sedeci, Tatiane Betat.