´Esponja´ em cavalos

Escrito por Redação ,
Antônio Alves cria um casal de cavalos quarto de milha na Fazenda Vitória, em Canindé. A égua, por nome Margarida, tem o problema de "esponja", nas articulações das patas. O animal corre em vaquejada. O dono pergunta o que fazer. Já mandou operar a pata dianteira esquerda do equino, mas o problema apareceu na dianteira direita.

Os problemas dermatológicos estão entre aqueles mais fáceis de serem reconhecidos, por sua natureza externa. Assim, até leigos conseguem descrevê-los. Contudo, tais afecções não estão entre as mais fáceis de serem diagnosticadas em virtude de sua aparência assemelhar-se em diferentes casos clínicos. Desta forma, um profissional veterinário deve examinar o animal e de acordo com a apresentação clínica fará a opção de tratar diretamente a lesão ou colher material para exames laboratoriais (microbiologia ou histopatológico).

A lesão conhecida no campo como "esponja" representa clinicamente um tecido de granulação exuberante, hemorrágico, exsudativo, crônico (semanas de evolução), que produz desconforto ao animal em virtude de seu caráter pruriginoso, levando o animal a se auto-mutilar ao roçar a região afetada contra cercas, paredes e outros objetos. Entre as causas mais comuns podemos citar os agentes parasitários (Habronema sp.). São nematoides gástricos que podem realizar um ciclo errático na pele produzindo lesões com tendência a não cicatrização.

O ciclo destes parasitas é indireto e depende de moscas (doméstica e dos estábulos - Musca domestica / Stomoxys calicitrans). Ovos e larvas dos parasitas eliminados nas fezes dos cavalos infestados são ingeridos por larvas das moscas. Quando a larva do parasita é depositada em pequenas feridas, invadem os tecidos produzindo uma lesão com o aspecto de "esponja".

A profilaxia inclui a eliminação do parasita gástrico por meio de anti-helmínticos com princípios ativos específicos (invermectinas / organofosforados) e o controle das moscas responsáveis pela veiculação. O tratamento deve incluir medicação local (que inclui associação de agente carreador, antibiótico, anti-inflamatório e larvicida) e sempre que a região do animal permitir aplicação de bandagens. Casos avançados deve-se proceder a cirurgia para a retirada de todo o tecido afetado.

Doutor em Clínica Médica Veterinária e professor de Clínica de Equinos da Faculdade de Veterinária da Uece / Esta coluna é mantida em parceria com a Favet-Uece. Criadores de pequenos e grandes animais podem enviar suas dúvidas para o Dr. Vet pelo e-mail regional@diariodonordeste.com.br ou pelos telefones (85) 3266.9790/ 3266.9771

JOSÉ MARIO GIRÃO ABREU