Embaixador Helder Martins visita a família
Crato (Sucursal) - O embaixador Helder Martins de Moraes está de volta ao Cariri. Veio matar as saudades, rever os amigos e parentes, abraçar os companheiros de infância que vararam as noites na caça de tatus nos tabuleiros de Mauriti, sua terra natal. O porte distinto do diplomata que representou o Brasil nos mais diversos países por este mundo afora, ficou do outro lado do Atlântico. Aqui ele é o menino Helder, filho de seu Elias Martins, um dos mais prósperos comerciantes da região. Trajando bermuda, tênis e camisa de malha, ou numa surrada calça jeans e um paletó de bolsos largos que lhe facilita o transporte de livros e máquinas fotográficas, Helder Martins parece um menino circulando entre os brinquedos.
Na caleidoscópio de sua imaginação são repassadas as imagens do passado. O casarão, a praça, a árvore que já não existe mais, a primeira professora, os amigos de infância que aos poucos vão se aproximando e tomando chegada para rever o conterrâneo importante que, na semana passada saiu na televisão, recebendo o troféu Sereia de Ouro do Sistema Verdes Mares.
Helder lembra uma história que só pode ser contada com testemunha. Uma vez, saiu de casa para pegar um cavalo na roça em companhia do primo Miguel Martins. Os dois garotos não conseguiram, a princípio, pegar o cavalo. Mas Miguel não desistiu. Correu atrás do animal até cansá-lo. Voltou para casa vitorioso, com o animal “estorvado”.
Na casa dos irmãos ele se reveza com pratos que há mais de 30 anos estão ausentes de sua mesa, como baião-de-dois, pequisada, crespo e feijão verde. Na caminhada saudosista pelo Cariri, não falta uma visita a um engenho de rapadura.
O cheiro gostoso das rapaduras quentes, a batida embrulhada com a palha da banana, o trabalho insalubre do mexedor de mel e do “metedor” de fogo, despertam a atenção de Helder que relembra o tempo em que era jornalista, formado na França, e escrevia para a revista “O Cruzeiro”. Essa volta às origens é uma forma de recarregar as baterias para recomeçar tudo de novo. Só que agora, Helder não sai mais fugido, como aconteceu no passado, com a coragem e a cara, à procura de um emprego.
Agora ele é o respeitado jornalista e diplomata Helder Martins, que depois de percorrer o mundo como diplomata, volta ao seu estado natal para receber a mais alta comenda da sociedade civil cearense: a Sereia de Ouro.