Conflitos ambientais em comunidades do Ceará terão observatório com mapeamento e banco de dados

Plataforma web reunirá os principais tensionamentos envolvendo comunidades e outros agentes públicos e privados por terra, água e geração de energia

Escrito por Redação ,
Observatório de Conflitos Ambientais do Ceará
Legenda: O Observatório de Conflitos Ambientais do Ceará foi criado para orientar estratégias de solução de tensionamentos em comunidades
Foto: Melquíades Júnior

Diferentes comunidades espalhadas nas várias regiões do Ceará passam por situações de conflitos de interesses com outros agentes, públicos e privados, com os quais competem por terra, água, alimento, sol e vento. Elas estão em Aracati, Limoeiro do Norte, Crateús, Morada Nova, cada uma com sua história.

E para orientar estratégias de solução desses tensionamentos foi lançado o Observatório de Conflitos Ambientais do Ceará, a partir de uma plataforma com mapeamento e banco de dados das localidades envolvidas.

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Comunidade quilombola e de pescadores no Cumbe, em Aracati, têm parte de seu território disputado com empresas possuidoras de aerogeradores, além de produtores de camarão em cativeiro, o que tem contaminado água, solo e reduzido a presença de caranguejos no manguezal.

O Acampamento Zé Maria do Tomé, em Limoeiro do Norte, disputa pela manutenção da posse de uma área da União em que produzem de maneira agroecológica, mas que gera impasse com grandes produtores do agronegócio local.

Em Quiterianópolis, moradores das comunidades de Besouro e Badarro estão em conflito com uma indústria de mineração, que estaria poluindo as águas do rio Poti e, portanto, comprometendo a subsistência das comunidades.

Os casos citados acima são de acompanhamento por grupos de pesquisadores de universidades e institutos de pesquisa voltados para as relações geopolíticas e agrárias no bioma Caatinga. Todos são, agora, parte do mapa de conflitos ambientais.

O Observatório de Conflitos Ambientais foi desenvolvido pelo Laboratório de Pesquisa, Inovação e Software (Lapis) do Instituto Federal do Ceará (IFCE), campus de Tabuleiro do Norte. De acordo com o professor Diego Gadelha, um dos responsáveis pela modelagem da plataforma, o observatório é pioneiro no Ceará para o acompanhamento de conflitos envolvendo a biodiversidade no Estado.

A outra parte responsável pelo Observatório é a Cáritas Diocesana, uma entidade pertencente à igreja católica que acompanha, por todo o Estado, diversas comunidades tradicionais e dão assessoramentos técnicos para os seus desenvolvimentos.

Observatório
Legenda: "O conhecimento disponibilizado por essa plataforma de dados vai proporcionar instrumentos de superação dos conflitos”, defende o geógrafo Geovan Meireles, professor da UFC
Foto: Melquíades Júnior

Gerar dados e soluções

“Trata-se de uma plataforma estratégica sobre as comunidades atingidas pela matriz desenvolvimentista no País em tempos de emergência climática. Esses povos que convivem com o semiárido, e com nosso bioma caatinga, estão produzindo alimentos, realizando atividades que incorporam a água, o solo, a biodiversidade", afirma o geógrafo Geovan Meireles, professor da Universidade Federal do Ceará.

"O conhecimento disponibilizado por essa plataforma de dados vai proporcionar instrumentos de superação dos conflitos”, defende Meireles, que há décadas acompanha conflitos ambientais envolvendo as comunidades tradicionais.

“Essa plataforma irá seguir critérios para o acompanhamento dos conflitos ou resistências que a Cáritas acompanha. Decidimos lançar a plataforma agora para que outros agentes que acompanham demais conflitos tenham interesse em se engajar e contribuir com o mapeamento”, explica Aline Maia, agente da Cáritas Diocesana em Limoeiro do Norte.

 

 
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