Comunidade mantém costumes

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Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: O CACIQUE João Venâncio trabalha na construção da nova escola, tentando aproveitar as palhas utilizadas na casa onde funcionava o colégio
Foto: André Lima
‘‘Pegaroper Pegaroper / ou chega carameruna / na meruna serecer (Os pescadores foram para o mar, chegaram cedo e o peixe que pegaram era só garopa). Esta era a música que os tremembé cantavam saudando seus pescadores e comemorando a boa pescaria. Hoje, os povos tremembé continuam entoando a mesma melodia, seja para receber seus pescadores, ou nas noites de farinhada, ou ainda, nas colheitas do caju, onde todos os tremembé se reúnem para tomar a tradicional mocororó - bebida feita do suco do caju azedo e fermentado.

‘‘A festa é um momento sagrado onde os encantados estão presentes ajudando a comunidade’’. Diz o cacique João Venâncio. Ele ressalta que o último levantamento feito pela Funai em Itarema, indicou a existência de cerca de 3.500 índios tremembé. Entretanto, apenas 1.500 pessoas se intitulam como indígena. O restante das pessoas, por conta da discriminação e pressão política sofrida por parte dos grandes latinfundiários, negam a origem.

Segundo o cacique, a comunidade de Almofala era comandada por sua bisavó Francisca Ferreiro de Paula, a Chiquinha da Lagoa Seca. O povo tremembé, conforme cacique João Venâncio, fazia o percurso no litoral nordestino. Saia do Ceará, passava pela Paraíba e ia até o Maranhão. O percurso era feito durante o verão. No inverno, entravam para a Ibiapaba. ‘‘O deslocamentos fez com que o povo tremembé ocupasse várias regiões’’, diz.

Em Almofala os índios tiveram uma participação importante para a formação do distrito. ‘‘A Igreja de Almofala foi construída pelos índios. A cal utilizada foi feita com as cascas de ostras piladas no pilão pelo índio’’. Tudo isso é transmitido aos descendentes para que tenham orgulho do povo e da terra onde vivem’’, diz o cacique.